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Bala na Cesta

Jovem, Utah Jazz 'amadurece' rápido e entra na briga por playoff na NBA

Fábio Balassiano

16/02/2016 08h50

jazzNão dá pra dizer exatamente que o Utah Jazz é uma grande surpresa no Oeste da NBA em 2015/2016. Não, não é. O time tem um bom elenco, e todos contavam que a franquia brigaria pela sétima ou oitava vaga da conferência para um playoff que não frequenta desde a temporada 2011/2012. A questão interessante da equipe de Salt Lake City não é bem "o quê", mas sim "como" ela chegou aos 26-26 (oitava posição) antes do All-Star Game.

exumFazia muito tempo que eu não via tanta lesão ao mesmo tempo em uma franquia como aconteceu com o Utah. Dos principais jogadores do time, apenas Gordon Hayward (falarei dele já, já) esteve em todas as partidas. Dante Exum (foto), preparado para ser o armador titular nesta temporada, se lesionou jogando pela Austrália, operou o joelho e dificilmente entrará em quadra em 2015/2016. Alec Burks, reserva na ala, estourou o tornozelo quando tinha 14 pontos de média em 28 jogos, e não se tem previsão de sua volta. Segunda melhor opção de ataque, Derrick Favors se ausentou por 17 partidas. Seu parceiro de garrafão, Rudy Gobert, outros 20. Rodney Hood (2), Raulzinho (1), de quem já falei de maneira mais longa por aqui, vocês devem lembrar, e Trey Burke (4) também já ficaram de fora por algum problema físico.

snyderOu seja: o técnico Quin Snyder, que foi assistente de Ettore Messina no CSKA russo em 2012/2013, até tem um bom elenco em mãos é bem razoável e até certo ponto preparado para brigar pelo playoff no Oeste apesar de ser o mais jovem da temporada 2015/2016 da NBA (24,1 anos de média). O problema foram os obstáculos no meio do caminho. Está aí o grande mérito da equipe – ter brigado com as armas que estavam disponíveis, manter a identidade e vencer jogos bem importantes recentemente (como foram contra o Denver Nuggets e Dallas Mavs, rivais diretos pelo mata-mata).

utahdHá os destaques individuais, que falarei adiante, mas a grande chave para brigar contra times até mais capacitados em termos técnicos é mesmo a defesa (um dos motivos, aliás, da franquia ter despachado o turco Enes Kanter, que não marca absolutamente nada). Em 2015/2016 o Utah cede apenas 96,4 pontos por jogo (terceiro menor índice), com 44,6% de conversão dos arremessos rivais, permitindo apenas 8,7 rebotes ofensivos para os adversários (quinta melhor marca da temporada) e surreais 12,7 chances de arremesso perto da cesta (um dado assustador!). Dentro do garrafão, aliás, os times acertam apenas 61% de seus chutes (nona marca mais eficiente da NBA). Para isso tudo, ter dois "cavalos" físicos perto da cesta ajuda muito. Rudy Gobert é um "cadeado" impressionante e tem 10,7 rebotes e 2,4 tocos por jogo. Favors, 8,5 rebotes e 1,3 toco por noite.

gordonNo ataque o time ainda se enrola um pouco no ataque (97,8 pontos por jogo e 44,5% de acerto nos arremessos) até mesmo porque perdeu Alec Burks (ele trazia consistência para o time anotar no perímetro), mas tem sido "salvo" pelas grandes atuações de Gordon Hayward, que vem tendo temporada esplêndida (foi solenemente ignorado do All-Star Game aliás). Aos 25 anos, com contrato renovado até 2018 e sabendo que a franquia deposita as esperanças em seus ombros, o ala de Butler registra 19,9 pontos (melhor marca de sua carreira) em 15,1 arremessos por jogo, 5,1 rebotes e 3,7 assistências. Em seis jogos de fevereiro, foram quatro partidas com 20+ pontos. Incluindo a bola decisiva contra o Dallas fora de casa (vídeo abaixo):

favorsOutros que têm ido muito bem em um elenco pra lá de balanceado  (há ótimas opções em todas as posições) são o próprio ala Derrick Favors (subestimado, tem 16,6 pontos, 8,5 rebotes e 1,3 toco – ele, na foto, ainda tem 24 anos, hein…), o ala-armador Rodney Hood, que em seu segundo ano tornou-se titular e registra 14,9 pontos de média, o pivô gigante francês Rudy Gobert (10,3 pontos, 10,5 rebotes e 2,4 tocos/jogo) e o reserva de Raulzinho na armação Trey Burke (11,8 pontos de média).

O Utah volta à quadra na quinta-feira contra o Washington Wizards na capital dos Estados Unidos, e na sexta-feira enfrenta o Portland Trail Blazers, rival direto por vaga no playoff, em casa. Jogando de forma segura, errando apenas 13,8 vezes por partida, o Jazz brigará contra Blazers, Rockets, Kings, Nuggets e Pelicans pelas últimas vagas do Oeste. Da maneira que vem atuando, o time de Raulzinho tem boas chances de voltar à pós-temporada.

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