O indecifrável Chicago Bulls - como explicar tanta irregularidade?
Os números não explicam bem o comportamento irregular do Chicago Bulls, quarto colocado do Leste com 25-19. Em termos individuais a franquia tem um real candidato a MVP (entre os humanos) da temporada 2015/2016 da NBA em Jimmy Butler, autor de 22,3 pontos, 5,3 rebotes, 4,2 assistências e dono de algumas atuações memoráveis (em Toronto, com 40 pontos no segundo tempo, e em Filadélfia, com 53 pontos, por exemplo), além de ótimas peças de apoio no elenco (Pau Gasol tem ótimos 16,6 pontos e 10,9 rebotes e Derrick Rose contribui com 15,3 pontos e 4,2 assistências). Na defesa a equipe permite a conversão de apenas 42% dos arremessos dos adversários, melhor marca da liga (apesar disso, quando permite 100+ pontos dos rivais tem 6-16). Daria, facilmente, para ter confiança em um time assim, certo?
Errado. Bem errado. Em que pese o esforço defensivo dos Bulls para impedir que os rivais pontuem com facilidade (em alguns momentos a agressividade na marcação faz a gente pensar que Tom Thibodeau ainda está lá no banco de reservas treinando a galera), o ataque do Chicago empaca mais que Fusca 78 subindo ladeira. É o quinto pior da temporada 2015/2016 da NBA, com 43,3% de acerto nos chutes, apesar dos 101,3 pontos por noite. Isso é meio inexplicável para um time que tem tantas armas ofensivas assim (Rose, Butler, Gasol, Mirotic, Gibson, Brooks etc.) e para um técnico (Fred Hoiberg) que foi trazido justamente para dar um jeito em algo que todo mundo criticava em Thibs – a ausência de criatividade no setor ofensivo.
Os números, porém, não são tão ruins assim e insisto que não é por eles que a gente vai entender quão inconstante é este Chicago Bulls. Tem, sim, muito do fato de Fred Hoiberg ser um técnico novo, até certo ponto inquieto, em alguns momentos meio "leve" para cobrar os atletas (como o próprio Jimmy Butler já reclamou publicamente…) e que já mexeu cinco vezes no time titular. Há, também, a ausência do lesionado pivô Joakim Noah, que talvez nem vista mais a camisa da franquia (seu contrato vence no final da temporada). Mas tem, sobretudo, uma falta de concentração dos atletas que beira o bizarro.
Como explicar que em uma sequência (a última) de três jogos o comportamento da equipe tenha sido tão diferente entre as partidas? Os Bulls foram presas fáceis contra o bem armado time do Boston (110-101) ao levarem 64 pontos no primeiro tempo. No dia seguinte, duelo contra os Cavs em Cleveland. Vitória tranquila, convincente até, por 96-83. O time marcou bem, atacou de forma espaçada, cinco jogadores tiveram 10+ pontos e não deixou a menor dúvida contra LeBron James e companhia. Logo depois veio o não menos inconstante Miami em Chicago na segunda-feira. O que aconteceu? Derrota por 89-84 após levar 28-16 no último período. Em casa. E com Dwyane Wade lembrando o Dwyane Wade com 23 anos de idade (10 pontos no último período).
Dá pra explicar este Chicago? Quer mais exemplos? É este Chicago que, vale lembrar, precisou dos 53 pontos para vencer os Sixers (o pior time da NBA), fora de casa. Chicago que, vale reforçar, foi o responsável bater o Oklahoma City Thunder de maneira categórica no Natal fora de casa (105-96). Chicago que, caramba, levou uma surra de 125-94 do Warriors em casa faz uma semana.
O problema, ao meu ver, está em equilibrar bem o que o "legado" de Thibodeau deixou (a defesa) ao que ainda não está fluindo como deveria (o ataque e a capacidade de concentração do time). Da parte técnica deste ótimo elenco dos Bulls ninguém pode falar muita coisa. O complicado, no momento, está em confiar em uma equipe que na mesma semana ganha jogos contra ótimos adversários e perde de maneira apática para rivais não tão qualificados assim.
Time por time, na conferência Leste eu não tenho a menor dúvida em dizer que os Bulls seriam os que mais dariam trabalho a Lebron James e companhia. O duro é imaginar que é bem possível que o Chicago caia antes por conta de sua própria irregularidade. Atualmente é impossível decifrar o time de Fred Hoiberg, que hoje enfrenta o Lakers na Califórnia.
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