Topo

Bala na Cesta

O abalo que a surra do Warriors pode causar no Spurs

Fábio Balassiano

27/01/2016 06h30

pop1"Foi um jogo de homens contra meninos". "Quase ganhamos… Mentira, estou brincando para tentar amenizar". "Estou aliviado que meu chefe não estava no vestiário porque estaria demitido agora". "Não tenho ideia de como pará-los. Não posso controlar a velocidade deles". "É um time espetacular e muito disciplinado". "Não é só um time executando bem o que o técnico pede. Eles têm muita agressividade na execução também".

Foi assim que, em entrevista coletiva, Gregg Popovich reagiu à surra que o seu San Antonio Spurs levou do Golden State Warriors na noite de segunda-feira em Oakland (120-90). Não foi com raiva, não foi com ironia, não foi com estupidez (como ele vira e mexe faz com a imprensa). Foi com resignação, algo que a gente não está acostumado a ver de alguém tão competitivo e perfeccionista quanto Pop. Creio que esta seja a melhor palavra para descrever o sentimento do técnico texano após ver seu time sofrer com isso aqui abaixo, ó:

curry1Pudera. Não há como dourar a pílula nesta situação realmente. Pop poderia falar da ausência de Tim Duncan, mas uma diferença de 30 pontos entre os dois melhores times de basquete da atualidade pode dar a medida do que está por vir (no playoff, próximos campeonatos, sei lá).

A verdade é que revendo o jogo ficou claro que o San Antonio tentou de tudo para segurar Steph Curry: Tony Parker, Danny Green, Patty Mills, Manu Ginobili, Kawhi Leonard (o que levou a finta linda no vídeo aqui de cima), Jonathon Simmons, marcações duplas e pressão na bola desde o campo defensivo. Em vão. O camisa 30 do GSW terminou com 37 pontos (6/9 de três pontos) em 28 minutos, e se tivesse jogado o último período chegaria, brincando, a 50, tamanha a facilidade que arremessava. Um Spurs que leva, em média, 90,4 pontos por jogo (1,87 ponto/minuto) sofreu 92 do Warriors. Em três períodos (média de 2,6 pontos/minutos, algo absurdo). Parecia, de fato, um jogo de um time adulto contra um juvenil (juvenil que vinha de 13 triunfos consecutivos). O bizarro é notar que o treinador da equipe "de criança" de segunda-feira chama-se Gregg Popovich.

curry3Não é pouca coisa o que o Golden State fez, portanto. Não pela vitória, que pode nem valer a primeira colocação do Oeste, não tanto pelo chocolate (em uma semana foram surras em Cleveland, Chicago e San Antonio, três dos melhores times da NBA). Não é isso.

Mas sim por ter sido o primeiro (e aguardado) encontro dos dois melhores times da liga na temporada 2015/2016, pelo que ela (a porrada) causará no lado psicológico do Spurs pensando em futuros encontros e pelo fato de, com a resignação apresentada no final da partida, aparentemente Gregg Popovich não ter a menor ideia do que fazer para segurar o Golden State.

curry5Na real, na real mesmo? Pode ser que em um, dois, três meses o ritmo do atual MVP diminua, que um treinador encontre uma fórmula mágica, que o próprio Spurs consiga derrotar o Warriors em uma eventual final do Oeste com quatro magníficas vitórias. Hoje em dia, no entanto, não há técnico, jogador ou time no mundo capaz de frear Steph Curry. Simplesmente não há.

Que a gente se ajeite na cadeira, e bata palmas para o magriça. O que ele está conseguindo é algo raríssimo não no basquete, mas no esporte de modo geral. Deixar os adversários resignados, sem saber como agir, preparados candidamente para serem abatidos, é para poucos.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.