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Bala na Cesta

Com ausência na apresentação da LBF, o desprezo da CBB com o feminino

Fábio Balassiano

19/11/2015 01h54

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lbf1Repaginada, a Liga de Basquete Feminino foi lançada com festa na terça-feira em São Paulo. No ginásio do Corinthians, a LBF, que pela primeira vez será organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), viu os seis times (América, Corinthians/Americana, Sampaio Corrêa, Maranhão, Santo André e Presidente Venceslau) enviando suas representantes, lendas da modalidade compareceram (Hortência, Marta, Alessandra, Adriana Santos, Lilian e Helen Luz, todas medalhistas olímpicas) e um bom número de jornalistas também esteve por lá. A LBF só não viu os principais representantes da Confederação Brasileira de Basketball.

lbf4É verdade que, sim, José Medalha, hoje Diretor de Relações Institucionais da CBB, esteve por lá, mas Carlos Nunes, o presidente, Vanderlei, o Coordenador Técnico, e Luiz Augusto Zanon, o técnico (atualmente sem time no NBB ou no cenário feminino), não estiveram em São Paulo. O desprezo com o basquete feminino é tão grande, mas tão grande, que o modorrento site oficial da entidade máxima ignora solenemente o lançamento da LBF. Não comparecer ao evento pode não significar muito na prática, nos eventuais benefícios do dia a dia, mas existe, sim, um simbolismo em não prestigiar algo novo que está nascendo. Pergunta boba: o que andam fazendo Nunes, Vanderlei e Zanon para não ir a São Paulo na cerimônia de abertura da competição? Tento encontrar uma boa justificativa, mas não consigo.

lbf2Quem acompanha este espaço sabe que este tipo de, digamos, atitude da Confederação não surpreende em nada. É só dar uma olhada em textos antigos (como estes aqui , aqui e aqui ) que você, leitor atento, verifica que é apenas a continuidade de atos absurdos de Nunes e sua trupe contra o basquete feminino. Nunes e sua trupe que anunciam, com a maior tranquilidade do mundo, 10 amistosos para a seleção masculina visando os Jogos Olímpicos de 2016 e ignoram solenemente a preparação olímpica das meninas. Como irão se preparar as atletas que também estarão no Rio-2016? Vão jogar amistosos contra Chiles e Paraguais de novo? Se isso não é desprezo, não sei mais como se chama isso.

nunes3Poderia, ou até deveria, repetir os motivos que levaram a situação a este estado (extrema desunião dos envolvidos, incrível passividade das meninas, dirigentes pra lá de omissos, número diminuto de clubes e atletas, falta de atenção de grande parte da imprensa, ex-ídolos longe da modalidade etc.), mas creio não ser o essencial neste texto. A situação do basquete feminino no país, com o perdão do termo, é degradante, tenebrosa, horripilante. Dizer qualquer coisa de diferente é mentira – embora quisesse que fosse o contrário.

nunes2Como sopro de esperança agora temos a Liga Nacional de Basquete para tentar tirá-lo do buraco, mas o problema me parece bem mais profundo do que aquele enfrentado por ela oito anos atrás quando surgiu o NBB. E é maior porque o foco da Confederação Brasileira de Basketball em querer que dê certo, em gerar mão de obra para dar certo, em criar soluções para dar certo, em tratar as atletas com um mínimo de respeito e dignidade, é inexistente com as meninas.

trio1É uma lástima, principalmente pelo fato das maiores conquistas da modalidade nos últimos 20 anos terem vindo justamente com quem é, agora, ignorado por Carlos Nunes e companhia – as meninas.

Ninguém na Avenida Rio Branco, sede da entidade máxima, deve se lembrar de quão importantes foram Hortência, Paula, Janeth e demais participantes da geração mais vitoriosa do esporte nos últimos anos. O dia que se lembrarem que o basquete feminino existe por aqui poderá ser tarde demais. Que pena, né?

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