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Bala na Cesta

O eterno silêncio ensurdecedor da 'comunidade do basquete'

Fábio Balassiano

11/11/2015 01h27

cbbNas últimas três semanas o UOL divulgou algumas matérias pra lá de interessantes sobre basquete. Vamos a elas:

09/10 -> Eletrobras vai à Justiça e pede R$ 4 milhões da CBB
30/10 -> Como a CBB foi "terceirizada" e pagou duas vezes por um contrato público
05/11 -> Como Paulo Schmitt, do STJD, ganha milhões com o basquete brasileiro
09/11 -> CBB paga também passagens e jantares de Paulo Schmitt e colegas de STJD

Apenas contextualizando: Lúcio de Castro é um dos melhores jornalistas deste país (há tempos) e foi um dos responsáveis, em 2014, por dinamitar as estruturas do vôlei no excepcional Dossiê Vôlei com um trabalho de apuração brilhante (veja mais aqui). Como se vê nos quatro links que coloquei acima, o repórter agora está se debruçando na Confederação Brasileira de Basketball.

nunes3Não há, de minha parte, nenhuma acusação ou palavra feia a ser usada contra Carlos Nunes ou qualquer outro dirigente do basquete brasileiro. Até onde (sempre) apurei, o que há, mesmo, é uma imensa falta de cuidado em administrar a entidade (coisa que quem acompanha este blogueiro conhece faz tempo – principalmente nas análises dos balanços financeiros que faço todos os anos) e pouco apreço em se fazer o melhor possível com o menor investimento possível. Em todas as matérias que o UOL divulgou recentemente é possível ver isso – e qualquer outra coisa advogados e mandatários da CBB conseguem (se) defender.

brunoro1Há, porém, coisas bem graves divulgadas pelo UOL, não? Há, há sim. Por isso o debate precisa, em minha opinião, ocorrer. São dúvidas que ficam e que precisam ser respondidas o quanto antes. Como a CBB conseguiu a proeza de ser processada pela Eletrobras? Afinal, como foi a relação entre CBB e José Carlos Brunoro (foto)? Quando irão, de fato, mostrar quão boa (ou danosa) foi a relação CBB e Brunoro? Do trabalho de Brunoro, de quem sempre fui crítico, o que de fato ele trouxe de bom para o basquete brasileiro? O que há mais na caixa-preta da entidade máxima? Será que não há NENHUMA correção de rota, em termos de gestão, que a Confederação possa fazer?

silencio1O que choca, embora não surpreenda, nisso tudo é o silêncio da "comunidade do basquete", como convenciou-se chamar quem vive o dia a dia do esporte da bola laranja por aqui. Lembro que quando Lucio divulgou, na ESPN ainda, as matérias sobre o vôlei o que não faltava era jogador (Gustavo, Murilo, Jaqueline etc.), técnico (o corajoso Bernardinho principalmente) e imprensa repercutindo as falhas cometidas pela CBV. O que vemos agora no basquete? Nada.

silencio2E nada é nada mesmo. Nem em redes sociais os jogadores (a parte mais interessada nisso tudo) se manifestam. A tal Associação de Atletas, cujo presidente Guilherme Giovannoni fará nos próximos dias um curso no COB, se cala (sem comentários). Os técnicos, quase sempre com medo de tudo (de lançar jovens a expor qualquer pensamento que fuja aos padrões que a CBB impõe como aceitável), emudecem. Dirigentes de Ligas (LBF e NBB), clubes e federações? Nada. Imprensa? Muito pouco. Aí é que a porca torce o rabinho, não?

grego1Confesso que (de novo) não me surpreende nem um pouco esse tipo de silêncio. É quase natural que uma modalidade que se acostumou a se esquivar das grandes batalhas nos últimos anos não saiba como sair de sua caverna ao menos para debater um assunto que é, sim, muito importante – a péssima administração da entidade máxima do basquete brasileiro.

Enquanto isso se perpetuar, enquanto ninguém daqui estiver disposto a cutucar os dirigentes que fazem a Confederação Brasileira ser pessimamente administrada há anos, Carlos Nunes, Gregos e afins se perpetuarão no poder gerenciando de maneira tenebrosa a entidade máxima da modalidade do país. E este é o melhor cenário do mundo para os dirigentes, né?

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