A brilhante Espanha pelas mãos do gênio Pau Gasol
Não houve verdadeiramente uma final europeia na tarde de ontem em Lille. A Espanha começou a partida contra a Lituânia atropelando, e o rival só conseguiu encostar mesmo no meio do segundo período. Foi pouco.
Os espanhóis fizeram 80-63 e conquistaram, de maneira indiscutível (principalmente pelos jogos na segunda fase), o terceiro título do EuroBasket nas últimas quatro edições (venceram em 2009, 2011 e 2015, foram vice em 2007 e bronze em 2013). Não resta dúvida: os ibéricos são os donos do continente neste século praticando um basquete que alia técnica, defesa pressionada e altas doses de ousadia pelas mãos de seus armadores (Calderón, Navarro, Rubio, Llull, Ribas, Rodriguez, Raul Lopez etc.). E Pau Gasol. E muito Pau Gasol, de quem falaremos depois do vídeo dos melhores momentos da peleja de ontem.
Faltam palavras para descrever o que o camisa 4 espanhol fez neste EuroBasket de maneira específica e em sua carreira de modo mais amplo. Poderia apelar para os números (foram 25 + 12 ontem diante de um atônito Jonas Valanciunas, que tentou de tudo para detê-lo – em vão…), mas acho mais sensato falar de seu currículo mesmo. Vamos lá: são dois títulos da NBA com o Lakers (2009 e 2010), três EuroBasket (2009, 2011 e 2015), dois títulos espanhóis pelo seu Barcelona, um título mundial e duas pratas olímpicas (2008 e 2012 – e nas duas finais contra os EUA pouca gente se lembra, mas ele QUASE conseguiu o feito de bater os norte-americanos anotando, em cada uma delas, mais de 20 pontos). Fala muito sobre ele, né? Fala, mas não tudo.
Cabe dizer que Pau Gasol tem 35 anos e que desde 1998 defende a seleção (em 1999 junto com Juan Carlos Navarro foram campeões mundiais juvenis – e falei sobre isso há tempos). É um cara que, como mostrei acima, já ganhou de muito um tudo e que é o melhor e mais laureado jogador de basquete da história da Espanha.
Poderia estar em sua casa em TODAS as suas férias de três anos pra cá que seria reverenciado pra sempre. E o que ele fez em 2014? Jogou um Mundial. Em 2015? Jogou um Pré-Olímpico. O que fará em 2016? Jogará uma Olimpíada. Três anos consecutivos sacrificando o seu descanso, moendo seu (já castigado) corpo não para conseguir recordes pessoais, mas sim para solidificar o esporte em seu país.
Tudo isso já seria bonito, mas Gasol tem, além de um imenso respeito ao jogo e a camisa da seleção, um basquete lindíssimo, brilhante, praticamente imarcável em nível FIBA (e o cara ainda está chutando de três agora, gente…). Aniquilou Jonas Valanciunas, Rudy Gobert e todos os demais moleques jovens que tentaram pará-lo na base da força, do físico, do combate. Foi impossível.
O cara foi eleito o MVP, mas nem precisava de eleição. Quem viu os jogos podia notar que havia alguém, neste EuroBasket, faminto (como se precisasse provar alguma coisa!!!!), vibrante, decisivo e jogando em outra dimensão. Nos momentos mais complicados a Espanha não tinha a menor vergonha em colocar a bola nas mãos de seu camisa 4 e torcer para que ele resolvesse. E ele resolveu.
Pau Gasol, sem dúvida um dos 15 melhores não-EUA a já ter entrado em uma quadra de basquete, virá ao Rio de Janeiro em 2016 para encerrar a sua brilhante carreira com a seleção da Espanha. Quem gosta da modalidade pode abrir um sorriso. Independente de torcer pelos espanhóis, é muito bom ter este cara na Olimpíada para admirá-lo por mais um pouquinho.
Se já está em um patamar surreal no esporte mundial, o que acontecerá caso ele coloque a sua terceira medalha olímpica no peito? Não é bom duvidar dos ibéricos. É recomendável não apostar contra Gasol, um destes cracaços de bola que fazem a gente torcer para que uma carreira tão espetacular assim não termine nunca.
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