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Bala na Cesta

Com verba do Ministério, falta de competência da CBB é premiada outra vez

Fábio Balassiano

30/07/2015 00h40

Me3Divulguei aqui ontem que o Ministério do Esporte disponibilizou a animada quantia de R$ 7 milhões para a CBB por meio de convênio até o final da Olimpíada de 2016. Pesquisei e vi, lá, uma série de valores altos de hospedagem, transporte aéreo, lavanderia, entre outras coisas. Isso assusta muito. Mas sabe o que assusta mais ainda? Ver que a Confederação Brasileira consegue receber um montante altíssimo como este mesmo com tudo o que (não) tem feito nos últimos anos no país.

cbb3Quem acompanha este blog com afinco sabe que ano após ano divulgo aqui o Balanço Financeiro da entidade máxima do basquete brasileiro. E ano após ano a dívida só faz crescer, numa clara e indelével prova de quão ruim é a gestão do presidente Carlos Nunes à frente da CBB desde 2009 (ano em que foi eleito para seu primeiro mandato – em 2013 foi reeleito para o segundo). Não custa lembrar: a Confederação fechou 2014 com mais de R$ 13 milhões de negativo na conta e uma série de problemas gravíssimos inclusive com órgãos do governo (mais de R$ 2,5 milhões entre INSS e Imposto de Renda). Deve a meio mundo, inclusive a Federação Internacional de Basquete por um convite para o Mundial masculino de 2012 que pode custar a vaga olímpica ao país em 2016.

cbb1E como o Ministério do Esporte responde a uma gestão tão ruim? Responde premiando-a com um convênio de R$ 7 milhões. É quase como se Carlos Nunes falasse assim à sociedade: "Faço as maiores loucuras do mundo na gestão técnica, administrativa e financeira, tem um pessoal que me critica, mas no final eu sempre consigo mais grana do Governo Federal". É um exagero, obviamente, mas Nunes pode se orgulhar bastante de ter recebido mais de R$ 24 milhões em convênios do Ministério do Esporte desde 2009 para (agora) 11 projetos aprovados (amplie a foto ao lado).

nunes1Para uma entidade que cuida tão mal de grana é no mínimo um contrassenso ser agraciada com valores tão altos assim nos últimos anos, não? Infelizmente o Ministério não pensa assim e continua a pingar grana e mais grana nos endividados cofres da Confederação Brasileira chancelando, aplaudindo, garantindo e incentivando uma das piores gestões que o esporte brasileiro vê nos últimos anos. Tento, mas não consigo entender qual é o motivo para isso. É como se um pai desse um carro do ano para seu filho que acaba de ser reprovado na escola no final do ano. Não é a melhor maneira de educar, certo?

Pois é exatamente isso que o Ministério faz com uma de suas filiadas. A CBB de Nunes faz tudo errado. Falta transparência, falta gestão, falta credibilidade, falta planejamento, falta ação, falta de tudo um muito. E mesmo assim recebe muita grana pública. Como explicar isso? Sinceramente é algo que não consigo pois é muito incompreensível. Não é questão de querer ver o esporte que a gente tanto ama na lama. Mas sim de ver o dinheiro público aplicado da melhor maneira possível e em entidades que realmente merecem.

nunes3Há alguns anos Nelson Rodrigues escreveu que toda nudez seria castigada. No basquete brasileiro, parafraseando o mestre, a má gestão acaba sendo premiada. Premiada com um derramamento de dinheiro público assustador. Premiada com um dinheiro público assustador em uma entidade cuja gestão é terrível. Premiada com dinheiro público em um momento de crise econômica grave no país. Premiada com dinheiro público em um momento em que todo país fala em ajuste fiscal, em segurar gastos, em frear investimentos. A lógica do investimento do Ministério do Esporte na CBB, porém, é não ter a mínima lógica.

tristeza3Os R$ 7 milhões que pingarão na conta da CBB até o final das Olimpíadas de 2016 (infelizmente) são a cara do Brasil. A cara de um Brasil que não queremos. A cara de um Brasil que está literalmente quebrado. A cara de um Brasil que premia gestões ruins com mais e mais dinheiro público.

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