Nas palavras de Magnano, a dura realidade do basquete brasileiro
"A medalha é real. Mas a estrutura do basquete brasileiro precisa melhorar muito mais para fazermos relação com os resultados". Esta frase poderia ser dita por um analista que acompanha a modalidade a fundo. Poderia ser dita até por algum dirigente da oposição (se é que há oposição de algo neste país). Mas foi dita por Rubén Magnano, técnico da seleção masculina. E minutos depois do ouro pan-americano ter sido conquistado com brilhantismo no sábado por seu time. Não creio que precise nem me alongar muito para explicar o que as suas palavras querem dizer, certo? Ele foi bem claro e direto ao ponto.
O principal mesmo é tentar entender como as palavras (duras e sinceras) de Rubén Magnano podem se transformar em ação – e não em lamentação como se faz por aqui a cada segundo. Magnano que faz um trabalho bem bom na quadra mas que sofre bastante por não conseguir colocar tudo o que sabe justamente porque falta organização e gestão por parte de sua contratante (vide o caso da FIBA com a vaga ao Rio-2016). Seu diagnóstico do cenário em que o esporte se encontra é perfeito, bate bem com o que este espaço fala há anos e merece ser levado em consideração de maneira profunda e séria por quem dirige o basquete brasileiro.
Falta alguém da Confederação puxar a cadeira para iniciar uma salutar discussão em torno da modalidade. Ora bolas, mesmo com uma assustadora dívida (mais de R$ 13 milhões ao final de 2014) ainda seguem surgindo jovens com potencial nas divisões de base. A pergunta, aliás, é bem óbvia e precisa ser feita: em um país de 200 milhões de habitantes como fazer para que o surgimento de novos Caboclos, Raulzinhos, Bebês, Benites e Meindls seja regra, e não exceção?
A Liga Nacional, através do NBB e principalmente da Liga de Desenvolvimento (LDB), consegue estancar um pouco o problema com um trabalho acima da média, mas o basquete brasileiro só dará um salto de qualidade real quando houver união não de forças, mas de trabalhos (cada um em sua área) entre a fraquíssima CBB, clubes, LNB e Federações.
Todos precisam estar literalmente na mesma página, navegando de maneira tranquila e sabendo o que deve ser feito para que o resultado final seja bom para todos. Por enquanto sabemos bem em que lado está o problema. Mesmo com todas as mazelas o potencial (atlético e técnico) sobra por aqui e acho que isso está claro para todo mundo (e 'mundo' não é força de expressão, mas sim o que todos os países falam do Brasil e dos jogadores brasileiros).
Só que ainda falta bastante coisa para, como bem disse Magnano, relacionar organização a resultados. Falta, sobretudo, ter a certeza que mais e mais atletas surgirão no basquete, não nos preocupando loucamente com renovação durante um ciclo olímpico. Nos questionamos dia após dia se não vale a pena lançar um jovem de 19, 20 anos no lugar de um veterano de 33 ou 34 anos simplesmente porque não se tem a certeza de quando a fonte milagrosa de revelação de talento irá secar. Como secou no basquete feminino (e estamos vendo o que acontece quando a fonte seca…).
Enquanto a mistura de organização, planejamento e fomento a clubes não acontecer vamos continuar a depender de uma ou outra ação das agremiações formadoras e dos bons trabalhos nas seleções. Como é o de Rubén Magnano na seleção adulta.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.