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Bala na Cesta

Sobre a saída do Palmeiras e a perspectiva pro próximo NBB

Fábio Balassiano

07/07/2015 01h45

palmeiras1Durou pouco a história do Palmeiras no NBB. Durou, para ser mais exato, três temporadas (2012/2013, 2013/2014 e 2014/2015). O time comunicou, através de Nota Oficial em seu site, que não terá time adulto participando tanto da principal competição nacional do basquete masculino quanto do Paulista Adulto. É uma notícia triste e que vale a pena ser dividida em duas etapas.

palmeiras2A primeira é a da lamentação com a saída de um time com história, torcida e que faz do NBB um produto melhor pelo que traz consigo (nome, torcedores etc.). Nego-me, sinceramente, a crer que um clube com o tamanho do Palmeiras não consiga mesmo trazer patrocinadores para bancar a sua equipe de basquete. É o maior mercado publicitário do país (a capital de São Paulo), um time com público nos ginásios, ótimo trabalho na base e enorme possibilidade de crescimento na modalidade. Com um dos melhores e mais caros elencos de futebol do país, parece que o foco ficou totalmente voltado para o esporte mais popular do país.

sep2E totalmente é totalmente mesmo. Não só o lado financeiro, mas principalmente o de planejamento, de captação de patrocínio, de geração de receita, de trazer grana para o basquete do clube. Será mesmo que um clube como o Palmeiras não consegue nenhum patrocinador para estampar a marca em uma camisa tão forte assim e com um custo infinitamente menor que o do futebol? Acho impossível que, com bom trabalho fora das quadras (da diretoria inteira), o alviverde ficasse fora do NBB.

francaAmpliando o olhar, porém, é possível ver que o problema não está só no Palmeiras. Há times fechando as portas e há clubes que reduziram sobremaneira seus investimentos para esta temporada. Dos que já saíram há, além do alviverde, o Uberlândia. São José, por sua vez, sabe-se lá se conseguirá jogar devido a mais um imbróglio envolvendo a prefeitura que banca o time. Some-se a isso o fato de Franca vir com um elenco pra lá de modesto, o Pinheiros ter reduzido bruscamente a sua folha salarial e o Minas ter mantido o pé no freio no tocante a grandes contratações (novamente um elenco jovem e sem estrelas).

nbb1Creio, portanto, que é necessário um debate amplo a respeito disso tudo. O cenário, obviamente, não é bom, requer cuidados e abre espaço para uma série de perguntas. Por que os clubes estão quebrando? Por que há tão poucos recursos na mesa para os times? Será que as franquias do NBB estão fazendo um bom trabalho para captar e reter seus patrocinadores? Como fazer para que times não desapareçam de forma tão rápida? Será que o mercado não vive uma "bolha", com os principais atletas recebendo muito mais do que de fato eles geram de retorno? Quanto, de fato, vale o produto NBB? Quanto, de fato, dá de retorno investir em um time do NBB (o famoso Retorno Sobre Investimento – ROI)? Não consigo responder às indagações. Se as franquias do NBB não conseguirem responder a TODAS elas temos, aí, um grandíssimo problema.

nbb_nba1O momento econômico do país é pra lá de delicado e certamente a crise chegou ao basquete. Antes era uma dúvida de quando isso aconteceria. Agora é uma certeza. Mesmo no ano pré-Olimpíada de 2016 o número de patrocinadores é pequeno, bem pequeno (e depois do Rio-2016 será ainda menor, não tenhamos dúvida disso). Reflexo maior disso tudo é que a Liga Nacional (e este é um tema que falo há tempos) completou três temporadas sem um investidor forte (agora seus custos operacionais são pagos pela NBA, sua nova parceira). Os clubes, por sua vez, estão quebrados ou com orçamentos pra lá de reduzidos.

nbb3Ao que parece, só quem está investindo pesado é o grupo formado por Mogi, Flamengo, Bauru, Limeira e Brasília. E isso é muito pouco para uma modalidade que conseguiu se reorganizar com a criação do NBB. Muito pouco para um ano, também, que antecede os Jogos Olímpicos. Muito pouco, ainda mais, para quem quer (queria?) voltar a crescer. Em suma: muito pouco para o presente e preocupante para o futuro.

Debater o assunto com clubes, investidores, atletas, imprensa e amantes da modalidade faz-se necessário em minha opinião. Primeiro para estancar o problema. Depois para tentar criar soluções para que times do tamanho do Palmeiras não sumam do mapa de maneira tão abrupta e triste para a modalidade.

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