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Bala na Cesta

Não criemos pânico - o Cleveland foi ao máximo que poderia

Fábio Balassiano

18/06/2015 12h00

lebron4"O Cleveland é um time fraquíssimo". "LeBron James amarelou de novo". "David Blatt é um péssimo técnico". "Como esses caras chegaram à final?". "O elenco é terrível". Foi o que ouvi/li após o vice-campeonato do Cavs na NBA. E não posso discordar mais.

Em primeiro lugar: ser finalista da NBA está longe de ser um mico. Mesmo que leve uma varrida na decisão não significa que você tenha um time de quinta categoria. Pra ficar em um exemplo: quando o Lakers aplicou 4-0 no Nets, de Jason Kidd (2002), o New Jersey jogava um basquete belíssimo, lembram? Pois é.

lebron1Sobre LeBron James ser "amarelão" nem vale se alongar muito. Beira o bizarro que alguém com mais de 35 pontos de média receba a alcunha nas tais redes sociais. Arrogante por ter dito que era o melhor do mundo? Talvez. Prepotente por dizer isso a beira de um vice-campeonato seguido (que acabaria acontecendo)? Provável. Mas colocá-lo em um patamar menor por ter perdido o título jogando praticamente sozinho beira o surrealismo. No basquete ganha-se e perde-se em grupo. E ponto final. Não há indivíduo no mundo que tenha ganho um título da maior liga do planeta sem ter sido cercado por no mínimo outro fora de série. E nesta decisão, com Kyrie Irving e Kevin Love de fora, LBJ jogou com companheiros de nível médio (pra baixo). Isso pesa.

shumpO que chama a atenção é a continuidade do Cleveland. Cheguei a escrever durante as finais que o elenco não era ruim. Ele só estava desfalcado. Três jogadores foram ao chão (Kyrie Irving, Kevin Love e Anderson Varejão) e nenhuma franquia conseguiria caminhar tranquilamente com isso. Nenhuma! Tire Steph Curry, Draymond Green e, vá lá, Andrew Bogut do Warriors. O Golden State não passaria da primeira rodada do Oeste. Os Cavs, muito por causa de uma conferência Leste abaixo da crítica, ainda conseguiram chegar à decisão (e não custa lembrar que Kyrie Irving ficou de fora de boa parte da decisão do Leste e dos últimos cinco jogos das finais da NBA). No final desta temporada JR Smith, Kevin Love, LeBron James (sim, LeBron), Mike Miller, James Jones e Matthew Dellavedova podem sair. Manter todos (com exceção, talvez, de JR Smith) é fundamental para a franquia se manter forte. Se conseguir um ou dois reforços (um para a rotação de garrafão e outro para as bolas de fora) seria ótimo também.

lebron3A conclusão, portanto, é óbvia: com o elenco quebrado, ter levado a final da NBA a seis jogos contra o Golden State (um timaço de bola e na ponta dos cascos) foi o máximo que poderia ter acontecido com este Cleveland mesmo. Um título seria algo fora dos padrões, bem improvável mesmo.

O mérito por ter prolongado o duelo vai para LeBron James por ter tido uma atuação descomunal, liderando a série em pontos, rebotes e assistências (merecia, obviamente, o MVP, um prêmio individual e não para o melhor do time campeão), mas não dá para ignorar David Blatt, o técnico, também. Contestado ao extremo, ele armou um necessário ferrolho para, com as armas que tinha, minimamente fazer da decisão uma disputa parelha contra um elenco infinitamente superior (àquela altura e com os desfalques).

blattNo mais, um pouco de frieza para analisar as coisas não faz mal a ninguém, né? Como diria aquele personagem famoso: não criemos pânico. A franquia tem um futuro brilhante pela frente e é bem provável que com o Leste sem grandes mudanças na final do próximo ano tenhamos os Cavs de novo brigando pelo troféu.

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