O que muda com a chegada do técnico Billy Donovan ao Thunder?

Sei que o momento é de playoff, que o Chicago avançou ao surrar o Bucks por 120-66 e que o Clippers levou a série contra o Spurs ao sétimo jogo ao vencer ontem à noite, mas do restante do mata-mata da NBA eu falarei nos próximos dias, em prognósticos bem detalhados de todas as séries. Por agora, creio que caiba um texto sobre a chegada do ótimo técnico Billy Donovan (foto à esquerda) ao Oklahoma City Thunder (a contratação foi anunciada ontem pela franquia).

Pouca gente se lembra, mas Donovan chegou a ser contratado pelo Orlando em 2007, mas desistiu no dia seguinte a confirmação da notícia, regressando a faculdade para continuar seu trabalho. Agora a situação parece ser diferente e ele vai mesmo para a sua primeira experiência na NBA. Aos 49 anos, ele sai da Universidade da Flórida após ter feito um trabalho brilhante que rendeu dois títulos (2006 e 2007), quatro Final Four (2000, 2006, 2007 e 2014) e um punhado de ótimos jogadores que passaram em suas mãos (Al Horford, Corey Brewer, Joakim Noah, Bradley Beal, David Lee, Chandler Parsons, entre outros).

O tempo que ele teve na Flórida para desenvolver seus atletas não será tão grande assim em Oklahoma. O Thunder, que começará a próxima temporada provavelmente completo (com o trio Serge Ibaka, Russell Westbrook e Kevin Durant descansado), vem de um campeonato frustrante, tem Durant podendo ser agente livre ao final de 2015/2016 e uma pressão imensa para que um grupo que tem três jogadores acima da média voltando à final da NBA (algo que não é fácil).

Na faculdade a pressão é diferente, anos "ruins" são tolerados, há um tempo de maturação de atletas e uma natural troca de guarda quando núcleos acabam suas histórias. Na NBA será bem diferente. No Oklahoma será muitíssimo diferente. Os resultados precisarão vir rapidamente devido ao excelente grupo que ele terá nas mãos e pela "chance" de perder Kevin Durant, o MVP da temporada passada, ao final do campeonato.

Das análises que vi na imprensa norte-americana sobre o trabalho de Donovan, todas falam que o técnico é bastante exigente e que gosta muito de controlar as situações de quadra (principalmente no ataque). E está aí o principal desafio do novo técnico do Thunder. Tendo um armador como Russell Westbrook, cujo potencial físico é descomunal e diferente do da maioria dos armadores da liga (algo que infelizmente nem todos aqui no Brasil conseguem compreender as vantagens competitivas que ele tem devido a isso), como fazer para ele jogar de uma forma diferente da qual está acostumado e que nunca foi ensinado?

Durant me parece um cara, digamos, mais "administrável", bem como Ibaka, que sabe ser um jogador de composição de elenco (um ótimo jogador, mas não uma estrela). Para Donovan, seu sucesso nesta estreia na NBA para justamente pela maneira como ele vai conseguir convencer Westbrook (foto à direita), o jogador mais temperamental e emotivo deste núcleo do Oklahoma.

Além disso, o camisa 0 ainda é (vejam só que ironia) o armador da equipe, o cara que terá que saber ler o caderno de jogadas (playbook) do novo técnico e decifrá-lo para seus companheiros.

Se Westbrook "comprar o barulho" de Donovan, o Oklahoma ganha não só um excepcional técnico no lugar de Scott Brooks. O OKC abre as portas sobretudo para uma nova forma de jogar basquete. Resta saber se Westbrook estará disposto a ouvir o seu novo comandante. E se o treinador terá paciência para conquistá-lo (algo pouco comum na NCAA, quando os jogadores precisam muito mais dos técnicos para crescerem do que os comandantes dos atletas).

Será que Donovan vai dar certo no Oklahoma City Thunder? Comente aí!