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Bala na Cesta

O fim das divisões de base de Americana - quem salvará o basquete feminino?

Fábio Balassiano

20/03/2015 01h48

americana1Acabou que devido aos assuntos que se acumularam não comentei aqui sobre uma notícia triste do basquete feminino brasileiro – o fim das categorias de basquete de Americana. Coloquei "notícia triste", mas nas verdade pode ler aí um "muito triste" que está valendo.

Quem conhece um pouco da modalidade ou já esteve em Americana sabe da qualidade do projeto desenvolvido pela equipe há anos. Formou um punhado de grandes jogadoras para todas as seleções de base do país e ajudou a educar outro porção de jovens meninas não apenas da cidade, mas de Nova Odessa e Santa Barbara D'Oeste (ali pertinho) também. Pelo que me consta, apenas o núcleo de iniciação das três localidades permanece na ativa, com as categorias de competição (do Mirim ao Juvenil) tendo fechado as portas.

americana1Em Franca, conversando com Adriana Santos (campeã mundial em 1994, assistente do adulto e agora ex-técnica do juvenil) e Antonio Carlos Vendramini (treinador da equipe profissional – ele no primeiro plano da foto à direita na comemoração do título da LBF passada), pude ouvir de ambos que a expectativa é que Americana volte com a base em 2016 embalada em um novo projeto, em uma nova estrutura. Por agora, e a realidade só nos permite falar do momento, o que fica é que mais uma cidade que tinha divisão de base fortíssima fecha as portas.

americana1Poderia (deveria?) criticar a gestão da equipe de Americana, que quase nunca deu espaço para as jovens da base no time adulto, mas não creio ser o melhor caminho. Clubes que (ainda) investem na formação são muito mais vítimas da péssima gestão do basquete brasileiro em sua alçada maior (a Confederação Brasileira que nada faz) do que culpados por fecharem as portas a projetos que devem ser difíceis de justificar financeiramente a seus investidores. Osasco, Jundiaí, o América de Roberto Dornellas e a Mangueira são algumas das exceções que confirmam a regra.

nunes1E é isso que realmente me preocupa. Não "só" o fechamento de divisões formativas como foi a de Americana (como fora a de Campinas, a de Piracicaba, entre tantas outras). Choca, na verdade, a passividade da Confederação Brasileira quando vê que núcleos tão importantes têm fechado as portas. A reação da entidade máxima é sempre a mesma, e não muito diferente de todos os outros casos – seguir caminhando sem fazer nada. Será que alguém da CBB pensou que haverá um campeonato Mundial Sub-19 este ano, e que 20 ou 30% do time poderia sair de Americana? Para que equipes irão essas garotas? E as das equipes infanto ou mirim, qual o futuro delas?

nunes1A modalidade perde um polo deste tamanho e ninguém fará absolutamente nada, é isso mesmo que está acontecendo? Para um basquete feminino e tão maltratado, tão sucateado da base ao topo da pirâmide, é triste ver um centro tão importante quanto Americana fechando as portas de suas equipes menores. Mais triste ainda é ver que a Confederação Brasileira, que deveria prezar pelos seus centros formativos em todo Brasil, segue agindo como não fosse com ela, como se nada tivesse a ver com a situação.

Os resultados do futuro (ou do passado recente) vão comprovar a falta de capacidade de se planejar, de trabalhar, de querer manter a chama da modalidade acesa – chama esta que luta bravamente em não apagar contando com a força de alguns ainda abnegados. Depois não adianta chorar.

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