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Bala na Cesta

A arte do rebote, por Shilton dos Santos

Fábio Balassiano

29/01/2015 01h00

DSC_5370Na semana passada escrevi por aqui sobre a boa evolução em relação aos técnicos brasileiros. Voltados cada vez mais para a defesa, eles têm feito com que suas equipes joguem de forma mais intensa, "agredindo" o adversário com marcações pesadas e extraindo o máximo de jogadores nem tão renomados assim.

Se nas pranchetas Demétrius, Dedé e Régis Marrelli encarnam bem este tipo de nova ordem, dentro de quadra o melhor exemplo de como é possível ser muito bom na defesa atende pelo nome de Shilton. Ala-pivô contratado pelo Minas após dois títulos de NBB pelo Flamengo, o rapaz de 32 anos chegou em BH para ser o principal pilar do jovem elenco mineiro e a voz, em quadra, das mensagens do técnico Demétrius.

shilton1Aqui, aliás, cabe uma observação. Na final do NBB da temporada passada o Flamengo passou por apuros incríveis diante do batalhador time do Paulistano. Ganhou no final quando Shilton apanhou um rebote ofensivo que gerou dois lances-livres. Mas disso pouca gente lembra. O que a maioria gosta mesmo de falar é que ele destoava ofensivamente em relação aos atletas que havia por lá (só atirador de elite – Marcelinho, Laprovittola, Benite, Marquinhos etc.). Como se só disso vivesse um time vencedor.

Equipe do Minas, Shilton, Coelho, Alex e BrunoMas, bem, voltando. Passados 18 jogos e os resultados (do Minas e dele) estão lá. Com 12-6 (venceu na terça-feira o Basquete Cearense por 90-63) o time de Demétrius coloca-se entre os primeiros colocados do principal campeonato do país defendendo como poucos e tendo apenas um jogador entre os dez primeiros de pontos, rebotes e assistências nas estatísticas individuais do NBB. E adivinhem quem é?

shilton6Shilton, ele mesmo. Excelente em Joinville e ótimo no Flamengo, ele é o melhor reboteiro da competição até o momento com 8,72 por jogo e 0,36 rebotes por minuto (melhor índice do torneio). Se isso não bastasse, traz experiência a um grupo recheado de moleques em busca de espaço e uma mentalidade defensiva tão necessária aos times daqui.

Desde 30 de novembro são 5 vezes em 10 partidas com 10+ rebotes. Na história do NBB, média de 7,2 na carreira, sendo 0,28 rebotes por minutos em quadra, números de respeito (e que só não são melhores pois ainda não é possível medir em terreno nacional o comportamento dele e de seu time no lado defensivo da história).

minasO armador Henrique Coelho é promissor, os alas Leonardo Demétrio e Danilo Siqueira) também, mas eu arrisco-me a dizer que sem Shilton por lá os belíssimos resultados que o Minas têm conseguido não estariam por aí. No basquete não há arte só em pontos. Há beleza nos rebotes, nos bloqueios bem feitos e principalmente na marcação. É o que o ala-pivô traz ao time de Demétrius e a todos os times que defendeu em sua carreira

Atletas como ele (e insisto neste ponto) deveriam ser mais valorizados por aqui. Cultuar só os pontuadores é um equívoco, é enxergar o jogo pela metade, é esquecer que por trás de um Michael Jordan existiu um Dennis Rodman (para ficar em apenas um exemplo). Ampliar o olhar é a melhor maneira para se enxergar o basquete da melhor maneira possível. Basta acompanhar uma partida de Shilton para saber que o esporte é muito mais que apenas acertar arremessos.

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