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Bala na Cesta

Após tanto sacrifício, corpo de Kobe Bryant pede descanso

Fábio Balassiano

28/01/2015 02h25

mjNa história da NBA alguns atletas entram para a história pelo seu estoicismo, pela forma como tentaram melhorar ano após ano. O melhor exemplo talvez seja Michael Jordan, o maior dos "inconformados" da liga norte-americana. Do ano que entrou (1984) ao que saiu do basquete Jordan tentou evoluir em termos físicos, técnicos, mentais e táticos. Não existia tempo para férias, não existia tempo para outra coisa. Seus resultados falam muito bem no que ele conquistou, mas pouco no processo pelo qual ele atingiu a quase perfeição de todos os fundamentos do jogo.

kobe2Outro bom exemplo é Kobe Bryant. Em sua missão de tentar chegar o mais próximo de seu ídolo (como ele mesmo escreveu após superar seu mestre em pontos) ele se matou de treinar. Há casos de oito, nove horas seguidas dentro de um ginásio (aqui). Há história de ele ter treinado com a mão esquerda porque sua mão boa (a direita) estava quebrada (mais aqui). Há situações em que ele desafiou seus técnicos porque eles (os treinadores) duvidavam que ele poderia fazer de tudo desde o segundo grau (foto à direita – reparem na boca no melhor estilo Jordan).

kobe4Sua lenda, seu legado, seus feitos estão todos aí. Terceiro maior cestinha da história da NBA, cinco títulos, um MVP da temporada regular, sensacionais bolas decisivas para ganhar partidas para o seu Los Angeles Lakers, dois ouros olímpicos e milhares de horas treinando sozinho para tentar (repito) superar o melhor de todos os tempos neste esporte (ele não conseguiu, mas foi obcecado em chegar o mais perto possível e isso é louvável).

Só que nada é pra sempre. Com 36 anos o corpo de Kobe Bryant pede descanso, pede um tempo, começa a cobrar a conta pelo esforço repetido ano após ano. Dois anos atrás o astro do Lakers lesionou seu tendão de aquiles. Na temporada passada, o joelho. Nesta, o ombro o deixará fora até o final do campeonato. Em potenciais 246 jogos Kobe provavelmente terá jogado 119 (menos da metade, portanto). Está claro: o fim está próximo (e não será muito bonito).

kobeLonge do segundo All-Star Game seguido (ano passado em Nova Orleans e este em Nova Iorque), Kobe ainda tem um ano de contrato com o Los Angeles Lakers e muito provavelmente se despedirá do basquete ao final do campeonato de 2015-2016 (a não ser que assine novo contrato, algo que ele já disse não pensar em fazer) com sua vigésima temporada e mais de 1300 jogos disputados. A dúvida, agora, é: como ele chegará ao final da próxima temporada? Em que condições estará seu combalido corpo? Ninguém pode responder isso – nem ele.

kobeCertamente Kobe não conseguirá sair de cena de forma simples, longe dos holofotes. Sua carreira sempre esteve nas nas manchetes. Não seria agora, no meio do turbilhão de três graves lesões seguidas, e nem na despedida de um dos melhores de todos os tempos que seria diferente. Terminar de forma honrosa, com uma campanha sem tantas derrotas, depende muito mais da (pífia) administração do time que ele defende há duas décadas do que dele mesmo (e é algo que eu sinceramente duvido que vá acontecer, mas tudo bem).

kobe1No momento o máximo que ele pode fazer é concentrar esforços em se recuperar de mais essa lesão e se preparar (algo que sempre fez bem) para a dança de despedida na temporada 2015/2016 da NBA. Para os amantes de basquete, resta torcer para vê-lo no maior número de apresentações. O corpo de Kobe pede descanso – e contra isso ainda não inventaram nenhuma bola de três no último segundo para reverter o placar.

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