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Bala na Cesta

Com defesa frágil, Chicago está em péssima fase na NBA

Fábio Balassiano

20/01/2015 11h23

Tom ThibodeauDesde que assumiu o Chicago em 2010-2011 o técnico Tom Thibodeau tenta colocar a defesa em primeiro lugar. Foi assim que ele, o arquiteto da defesa campeã do Boston Celtics anos antes, conseguiu fazer dos Bulls o melhor sistema defensivo da NBA nos últimos campeonatos. Nem é necessário apelar aos números. Quem via as partidas se impressionava com a pressão na bola, com a quantidade de erros forçados nos adversários e na quantidade de "stops" (contenções)  feitas em momentos decisivos.

Faltava talento para ir adiante. Faltava ataque mais eficiente para avançar mais na pós-temporada. Derrick Rose estava quase sempre machucado, Jimmy Butler ainda não tinha um chute confiável e no perímetro o Chicago era definitivamente uma draga (e até hoje eu me pergunto como os Bulls liberaram Kyle Korver, que nesta temporada arremessa para surreais 54% de fora, sem ao menos brigar para mantê-lo). Estava claro em que setor residia o problema da franquia.

NBA: Chicago Bulls at New York KnicksMas no começo desta temporada o jogo mudou. Jimmy Butler tornou-se um arremessador confiável e decisivo (sua pontuação saltou de 13,1 para 20,6), Derrick Rose voltou a jogar, Pau Gasol chegou e Nikola Mirotic e Aaron Brooks foram contratados para o Chicago ganhar força no perímetro. O resultado disso? Os 93 pontos de média em 2013/2014 saltaram, rápido, para 102,1 neste começo de temporada 2014/2015. Os Bulls têm o nono ataque mais positivo, o oitavo em percentual de conversão de bolas de fora e o segundo que mais arremessa lances-livres (prova que o time tem atacado a cesta com força e com Rose saudável).

Deveríamos, portanto, estar vendo um atropelamento do Chicago, certo? A defesa continuaria por lá, o ataque foi solucionado, o elenco está completo. Certo? Não, a verdade é que não. Ontem o Chicago, sem Joakim Noah, é verdade, levou uma surra com gosto do (ainda) pálido Cleveland Cavs por 108-94, caiu para quarto no Leste com 27-16 e amargou sua quarta derrota em cinco jogos.

CT Bulls06593.JPGPerder, de fato, não é problema – mas sim COMO este time está perdendo. Como disse acima, os números ofensivos continuam bem. No lado defensivo é que para mim está a questão central do Bulls. Os 91 pontos por jogo da temporada passada saltaram para 99,7 neste campeonato (com duas posses de bola a mais por jogo apenas) e anotar cestas contra o Chicago tem sido fácil demais (demais mesmo!). São 36% dos tiros de três convertidos pelos adversários (oitavo pior índice da liga), 38,5 arremessos convertidos por jogo (pior número desde que Thibs chegou lá e quinto pior no ranking da NBA), apenas 12,5 erros forçados nos rivais (terceira pior marca) e 12,7 pontos em contra-ataque sofridos por jogo (prova que a até então decantada transição defensiva tem falhado muito).

As tais stops, então, nem é possível falar delas. Não se vê há tempos em Illinois e não tem sido possível apelar para elas nos finais das partidas simplesmente porque elas quase não existem nesta temporada. Para se ter uma ideia, dos 11 jogos de 2015 em nove a franquia levou mais de 100 pontos.

tom3Não consigo, ainda, diagnosticar exatamente qual é o problema, embora Pau Gasol atenda por boa parte deles (o espanhol, que nunca foi um primor defensivo, está pior ainda na marcação nesta temporada), mas está claro que o lado defensivo do Chicago precisa de ajustes para o time voltar a ser o que já foi antes.

Se no ataque já não há mais problemas, é na defesa que esta equipe se provará forte para brigar pelo título do Leste. Marcando o que está marcando hoje o Bulls é um time pra lá de frágil e fácil de ser batido.

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