Com seis anos, o grande prêmio dos 'teimosos' da Liga Nacional

Em 2008 o basquete brasileiro estava na lama, jogado às traças, sacodido por uma série de ações na justiça, campeonato nacional que não terminou e uma liga (a do Oscar) que não teve adesão de todo mundo. Era mais do que um cenário de terra arrasada. Era terra arrasada, desacreditada e dividida.

Mesmo com tudo isso alguns dirigentes "malucos" decidiram remar contra a maré e tentaram salvar a modalidade através da criação da Liga Nacional de Basquete (LNB). Era uma loucura, não há outra palavra para definição o que aqueles caras tentavam à época.

Havia muita dúvida naquele momento, lembro bem. "Quem são esses caras?", "Será que eles são iguais aos dirigentes da CBB?", "Por que agora será diferente?", "Por que o basquete sairá do estágio deplorável atual com esses diretores aí?". Era o que TODOS se perguntavam naquele momento. Eram perguntas, diga-se, muito justas e naturais. Como o cenário não era bom, não se tratava de pessimismo, mas de realismo aliado a "auto-defesa" para não se machucar lá na frente.

Aí entrou em cena o trabalho da Liga Nacional. Mais do que as entrevistas o que valem são as ações, as atitudes de um time comandado pelo incansável Sérgio Domenici (Gerente-Executivo desde a fundação da LNB – na foto à esquerda) ao longo de todo este tempo. Com obstáculos, com erros, com algumas atitudes não acertadas (em minha opinião) mas sobretudo com muita raça de se chegar longe e de recolocar a modalidade do lugar que ela merece.

O projeto saiu do papel ainda em 2008 e o primeiro jogo foi em 28 de janeiro de 2009 com Pinheiros x Flamengo em São Paulo no ginásio do Pinheiros. Mesmo local, aliás, em que foi realizado o evento que anunciou oficialmente a parceria do NBB com a NBA. É uma coincidência quase astrológica, não?

Seis anos atrás ninguém sabia exatamente como o produto NBB estaria em 2014. Kouros, o primeiro presidente da Liga Nacional, não sabia. Cássio Roque, o atual mandatário, tampouco imaginava. A resposta está aí na cara de todo mundo e sem deixar a menor dúvida.

Aquele bebê nascido para resgatar o basquete brasileiro ganhou o seu grande prêmio no dia 11 de dezembro de 2014. A Liga Nacional teve seu trabalho "chancelado" e reconhecido pela NBA, a melhor liga de basquete deste e de qualquer planeta que vem aqui para ensinar e, claro, para ganhar MUITO dinheiro em um país que, por não saber como, deixa SEMPRE muito dinheiro na mesa quando se trata de gestão esportiva de um modo mais amplo.

Se alguém tinha dúvida quando do lançamento do NBB sobre a credibilidade e as intenções da turma que colocaram a Liga Nacional para rodar hoje, em dezembro de 2014, não há mais. A LNB, assim como qualquer entidade esportiva ou não, erra – e erra muito. Falha – e falha muito. Mas sempre (e canso de dizer isso) com a melhor das intenções e trabalhando MUITO para tentar guiar o basquete ao lugar que ele já teve neste país.

Ontem foi um dia especial para o basquete brasileiro, para o esporte brasileiro. Se tem alguém que merece os "louros da vitória" pelo que aconteceu nesta quinta-feira são os caras que, lá atrás, acreditaram no inacreditável. Que seria possível resgatar o esporte que estava, ladeira abaixo, em uma via crúcis que parecia intermiável. Foi possível. Ainda bem. E o NBB poderá viver momentos muito especiais a partir de agora com absoluta justiça e merecimento por estar colhendo o que plantou lá em 2008.