Topo

Bala na Cesta

Nos amistosos, lances-livres atingem pior índice do século - veja números

Fábio Balassiano

28/08/2014 00h27

tiagoQuem acompanhou os amistosos do time de Rubén Magnano ficou intrigado com algumas coisas (o problema dos alas e armadores no ataque, Huertas abaixo da crítica, os lapsos), mas nada foi tão assustador quanto as falhas nos lances-livres.

Nos oito jogos antes da Copa do Mundo que começa no sábado (o de terça-feira contra o México não foi contabilizado pois não há estatística disponível), o time arremessou 184 vezes da linha fatal, e acertou apenas 108 (na média, 13/23 por jogo). Um aproveitamento de 59%. Muito baixo, sem dúvida.

OUÇA A PRIMEIRA PARTE DO PODCAST ESPECIAL SOBRE O MUNDIAL

Mas será que o problema vem só de agora? Fui pesquisar TODAS as grandes competições (Copa América, Mundial e Olimpíada) deste século XXI para chegar alguma conclusão.

E a análise mostra que o aproveitamento de 59% nos amistosos desta temporada, como está na tabela abaixo, é o pior índice da seleção brasileira masculina desde o começo do século contando Copa América, Mundial e Olimpíada (apenas a Copa América de 2001, na Argentina, não tem dados disponíveis no arquivo online da FIBA, uma pena). Em competições oficiais, os 62% registrados na Olimpíada de 2012, em Londres, ainda se mantêm como o percentual de conversão mais baixo dessa geração na linha de lance-livre.
numero

O número de lances-livres variou um pouco (o máximo foi 26,6 por jogo, e o mínimo, de 16,3), mas o aproveitamento, não – SEMPRE ficou abaixo dos 80% (na média, 69%). Apenas uma vez, na Copa América de 2003, com Lula Ferreira, o percentual superou os 75% (foi de 77%). Foi esta, aliás, a única vez que o Brasil ficou entre os três melhores no quesito em uma competição (em segundo). Pelo que se vê, esse é um problema crônico (talvez o maior) do basquete nacional neste começo de século.

CONTRA EUROPEUS, BRASIL TEM 3-12 NOS ÚLTIMOS 20 ANOS EM MUNDIAIS

huertasComo se vê, desde que Magnano assumiu os índices variaram de 74% (Mundial de 2010) a 62% (Olimpíada de 2012). Se formos contar os amistosos desta temporada, o índice cai a incríveis 59% (23 lances-livres tentados por jogo), algo realmente assustador. Gostaria muito de dizer que o fato de o time jogar cada vez mais com os pivôs, cujos aproveitamentos na linha fatal nunca foram os melhores de um elenco de basquete, mas quem viu os jogos recentes sabe que não é bem isso. Até mesmo Leandrinho, Marquinhos e Huertas, arremessadores muito bons, têm errado de lá.

EM ESTREIAS DE MUNDIAL, BRASIL TEM 12-4

A não ser que as coisas mudem muito até sábado, o suplício da linha fatal vai continuar (o que é uma pena). Alguns problemas dessa geração (defesa e ataque mais organizados) foram solucionados por Rubén Magnano. O lance-livre, pelo visto, não será corrigido pelo argentino (infelizmente), e o time terá que lidar com isso nas partidas do Mundial (vejam abaixo os números dos amistosos).
refeito1

Que a seleção, portanto, aprenda a vencer mesmo com aproveitamento abaixo dos 75% da linha fatal.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.