A nítida evolução da seleção feminina em amistosos na Turquia
Na semana passada comentei aqui que enfim a seleção brasileira feminina partiria para amistosos de bom nível visando o Mundial Feminino da Turquia. E assim foi feito. O time de Zanon enfrentou, na sequência, Turquia, Austrália e Canadá. Por uma dessas maravilhas do mundo moderno, consegui ver as três pelejas (exibidas pelo site da Federação Turca – com narração e tudo mais, inclusive) e a análise é bem positiva.
Se sofreu horrores para vencer a Argentina e conquistar o Sul-Americano sem brilho algum, a seleção feminina jogou bem seus três encontros na Turquia, principalmente no setor defensivo, fazendo ótima pressão na bola e acertando a maioria das rotações. A única falha grave que eu notei foi quando houve o famoso jogo de passes entre as pivôs rivais (o conhecido high-low que Barbosa tanto usava…) e as gigantes brasileiras se enrolaram um pouco para defender essa jogada.
Em termos de resultado, o Brasil perdeu para as turcas no primeiro duelo por 66-48 em uma peleja cuja diferença não representa o que foi o jogo (fez apenas 17 pontos no 20 minutos finais, depois de ter perdido por apenas dois na primeira etapa). No dia seguinte, jogo de alto nível contra a Austrália e um revés por apenas 66-63 (Tainá, autora de 14 pontos, teve a bola para levar ao tempo-extra, mas não acertou). Neste domingo, a melhor apresentação brasileira foi coroada com a boa vitória por 65-56 contra as canadenses. Tainá (na foto à direita) teve atuação fenomenal, anotando 24 pontos (4/5 de três pontos) e dando, ainda, nove assistências (o basquete apresentado por ela foi de encher os olhos, hein).
Melhor do que os desempenhos individuais de Tainá e Clarissa, duas que se consolidam cada vez mais na seleção principal (principalmente a camisa 8, que está se mostrando bem preparada para assumir as rédeas da armação com Adrianinha – na foto à esquerda – e depois que a veterana sair de cena no time nacional), foi verificar a evolução do time de Zanon.
Isso é algo bem nítido para qualquer um e fica claro para mim que o time só demora a "engrenar" porque essas jovens meninas têm pouco ou nenhum espaço em seus clubes, que, sem pensar na sustentabilidade do negócio basquete, insistem em colocá-las à margem de um processo de renovação do feminino que, mais do que necessário, é imperativo para os próximos anos da modalidade por aqui.
Essa melhora já havia acontecido ano passado, quando, depois de uma série de jogos, o renovado elenco apresentou bom nível com Tatiane, Patricia e as próprias Tainá e Clarissa citadas anteriormente, e traz uma boa dose de otimismo para o Mundial da Turquia que acontecerá no final do mês de setembro.
Ainda é cedo para traças qualquer prognóstico para a competição (pensar em medalha eu acho bastante precipitado por enquanto – e ênfase no 'por enquanto', por favor), mas é bom notar que o trabalho de renovação que Zanon (foto à direita) propôs desde o ano passado já vai começando a dar alguns frutos. Tainá, a armadora que chegou sem muita confiança, se firma cada vez mais. Nas alas, Tatiane e Patrícia conseguem segurar o tranco e são bem coadjuvadas por Jaqueline, Joice, Isabela Ramona e Izabela. No pivô, onde entrarão Nádia, Damiris e Érika, Clarissa reina absoluta e vê Fabiana cada vez mais confortável com sua função na equipe.
Que este trabalho, e sua consequente evolução, continue. A CBB merece, aqui, ser aplaudida por verificar o óbvio e por apoiar as escolhas de Zanon (não havia mais espaço para a geração passada e as revelações precisavam de tempo de quadra e experiência internacional). Agora é seguir desenvolvendo as atletas, treinar pesado e jogar cada vez mais com equipes de alto nível (como foi neste final de semana na Turquia e como será nesta semana na França).
Ajustes, principalmente no ataque (em alguns momentos muito estático), ainda precisam ser feitos, mas material humano, como tem sido provado desde o ano passado, o Brasil ainda tem (sabe-se lá como, pois o trabalho no feminino não é bom, mas tem). A fórmula, tão básica quanto imperativa, é lapidar os diamantes brutos que por aqui há. O basquete feminino só tem a ganhar.
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