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Bala na Cesta

No sufoco, Brasil conquista bronze no Sul-Americano e vai ao Pan-Americano

Fábio Balassiano

29/07/2014 00h06

neto1Terminou o Sul-Americano para a seleção brasileira nesta segunda-feira na Venezuela. No sufoco, sem jogar bem, "dormindo" no começo do último período e permitindo a reação do rival, mas terminou com a vitória contra o Uruguai por 66-61. Foi mais uma partida melancólica do time de José Neto, que fez apenas nove pontos nos dez minutos finais e chegou a ver o rival empatar a partida em 61 quando restavam dois minutos, um susto danado, mas no final a vaga no Pan-Americano veio (e seria uma catástrofe se ela não viesse) e isso é um mérito do time que lá esteve.

De todo modo, é bom não comemorar muito (como fez o narrador do Sportv de maneira bizarra). O que se viu na Venezuela foi feio, muito abaixo do aceitável. Nos três jogos que valiam (Argentina, Venezuela e Uruguai), NENHUMA boa atuação (há muito tempo eu não via um ataque tão estático, de verdade mesmo). O único que se salvou na competição foi Rafael Luz (foto abaixo à esquerda), armador alto, com ótima defesa, boa leitura de jogo e frieza necessária para definir as jogadas com inteligência. Rubén Magnano deveria olhá-lo com carinho e carimbar seu (dele) passaporte para a Copa do Mundo da Espanha imediatamente, isso sim.

luzNos três jogos que valiam, em NENHUMA partida o Brasil conseguiu chegar aos 70 pontos (e contra adversários que estão longe de ser uma potência – a Argentina também foi com sua equipe B). Na soma das três pelejas, assustadores 15/75 da linha de três pontos (20% de aproveitamento). Nos 12 períodos, em apenas dois a seleção conseguiu superar a marca dos 20 pontos. Na média 63 pontos/jogo ou 1,58 ponto por minuto, índices baixíssimos. Nas três pelejas, 101 chutes de dois pontos e 75 de três. O primeiro com 55% de acerto. O segundo, com 20%. É possível explicar a insistência por algo que não estava dando certo? Não mesmo…

O padrão tático apresentado pelo Brasil no Sul-Americano, portanto, foi paupérrimo – tanto ofensiva quanto defensivamente. José Neto, técnico tão bom no NBB, desta vez ficou devendo bastante no quesito padrão de jogo e (principalmente) na leitura das situações que estavam ocorrendo na quadra (algumas substituições/formações foram realmente impossíveis de entender). A falha de se jogar contra marcações por zona atacando-as apenas com bolas longas, algo tão recorrente quanto irritante, também é imperdoável e não pode passar batida, não.

raulMais do que isso. Verificou-se de novo aquela pane mental que cega times brasileiros de basquete há anos. Em vários momentos a seleção "dormiu" em quadra. Em vários momentos o nível de confiança vai abaixo da linha do Pré-Sal. Em muitos momentos parece que os atletas não têm a menor noção do que deve ser feito. E não parece, mas isso faz parte do treinamento técnico, tático e psicológico (ou da falta do bom treinamento em cada uma destas esferas).

Há maneiras e maneiras de se atingir um objetivo. O Brasil conseguiu o seu (objetivo). Só não conseguiu da maneira que um elenco bom poderia ter conseguido. Se dos males de fato foi o menor (não ter ficado com a vaga no Pan-Americano seria um desastre), não dá para se contentar com tão pouco. A turma que só analisa resultado (a turma simplista, minimalista, reducionista ou míope, como queira chamar você, leitor) pode ter aprovado. Quem procurar enxergar como ele (o resultado) foi obtido quer um pouco mais que isso e anseia por qualidade (é uma bobagem querer resultados de qualquer maneira).

trioUm país com aspirações de retornar ao patamar mais alto da modalidade (se é que a turma cebebiana deseja isso mesmo, mas vamos crer que sim) precisa se acostumar a vencer, mas a vencer jogando bem, convencendo, passando por cima de adversários ruins como são os casos de Uruguai e Venezuela (um batido com dificuldade e outro que bateu o esquadrão brasileiro).

Não foi dessa vez. Que as lições de mais uma competição ruim da seleção sejam aprendidas por José Neto, atletas e CBB.

Viu os jogos da seleção brasileira no Sul-Americano? Qual a sua análise? Comente!

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