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Bala na Cesta

Brasil dá vexame e perde de 42 do Canadá na abertura da Copa América Sub18

Fábio Balassiano

20/06/2014 18h31

pablo1Tem que ser meio maluco para trocar um jogo de Copa do Mundo de futebol por uma partida de Copa América Masculina Sub-18, né. Pois foi o que fiz. No mesmo momento em que a França alucinava a Suíça em Salvador a equipe brasileira dirigida por Pablo Costa (foto à direita) sofria um verdadeiro atropelo do Canadá na estreia da competição em Colorado Springs (EUA). O placar de 101-59 a favor dos canadenses (42 pontos de vantagem) fala por si só, não?

O site da FIBA Américas exibiu a partida ao vivo e fiquei bastante assustado com o que foi apresentado. O Brasil foi dominado tecnicamente, taticamente, estrategicamente e psicologicamente por um bom time (bom, nada mais que isso). Bom time mas cuja capacidade física é 200 vezes menor que a do Brasil. A diferença é que os canadenses tinham fundamentos, sabiam o que fazer com a bola, tinham uma mínima noção defensiva, uma mínima noção de espaço e coordenação ofensiva no ataque. Foi um show de horrores o que o time de Pablo Costa apresentou nesta sexta-feira, sinceramente. Pode parecer pesado demais falar isso de um time de base, mas são meninos de 18 anos e que já deveriam estar, no mínimo, mais avançados em termos de fundamentos.

O Brasil levou, dentro do garrafão, quase tantos pontos (52) quanto o total que conseguiu fazer no ataque (59), teve (atenção) mais erros (20) do que arremessos de quadra convertidos (18), um bizarro aproveitamento de três pontos (8/27) e viu os rivais canadenses anotarem 23 pontos através dos desperdícios de bola brasileiros. Quem teve a oportunidade de ver a partida ficou, tal qual eu fiquei, chocado.

pablo1Na verdade, é importante lembrar algumas coisas. A primeira é que os quatro primeiros colocados da Copa América garantem vaga no Mundial Sub-19 de 2015. Para chegar lá, o Brasil, que enfrenta Porto Rico amanhã e República Dominicana no domingo, precisa bater os dois próximos rivais para não depender de qualquer resultado.

Em segundo lugar. Quem acompanha este espaço com atenção sabe que o resultado de hoje não surpreende muito – embora choque da mesma maneira. Este time Sub-18 (relembre aqui) foi o que NÃO treinou antes de viajar para disputar a Euroliga Junior. Em Milão, três jogos, três derrotas, diferença média de quase 21 pontos nas três partidas perdidas (aqui mais detalhes). Este time voltou, e ao invés de ficar fechado dentro de um ginásio treinando 36 horas por dia só voltou a se reunir em 5 junho (mais aqui). Treinar pra quê, não é mesmo?

nunes1Se apresentou em 5 de junho, treinou por 12 dias (24 períodos de treino no máximo) e embarcou para a competição mais importante do ano. Primeiro resultado? Sacolada de 42 pontos contra o Canadá, que teve ao todo mais de 60 dias de treinamento para esta seleção desde 2013. Está explicada a diferença no placar, apesar de atleticamente o Brasil ser MUITO superior aos  rivais desta tarde?

Chega a ser chato, repetitivo ficar dizendo isso aqui o tempo todo quando as seleções de base pagam mico atrás de mico em competições internacionais. Mas é a verdade. Nua e crua. Os meninos e as meninas do Brasil pagam pela incompetência de seus dirigentes, que literalmente abandonam a molecada sem a preparação adequada para torneios tão importantes. Quer outro exemplo? O time Sub-17 Feminino de Julio Patricio terá apenas 14 dias (sim, 14) de treino antes do Mundial da categoria (veja mais aqui).

O Brasil pode vencer Porto Rico, Dominicana e se classificar para o Mundial? Pode. Acho até que tem chance. Mas enquanto a categoria de base no Brasil continuar sendo sucateada pela Confederação Brasileira, que, entre outras coisas graves, não dá tempo decente para os times se prepararem para competições internacionais, a situação falimentar que a modalidade se encontra há 20 anos não irá mudar, não (o mais grave é o arcaico sistema de treinamento aplicado com a molecada na maioria dos clubes). É meio apocalíptico, mas é a mais pura e dolorosa verdade…

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