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Bala na Cesta

20 anos do Mundial de 1994: Adrianinha relembra momentos da conquista

Fábio Balassiano

08/06/2014 18h00

adriana-tenta-passar-pela-marcacao-de-atleta-da-russia-em-segunda-rodada-do-basquete-feminino-1343667269546_1920x1080Nascida em Franca, Adriana Moises Pinto tinha 15 anos quando a seleção brasileira adulta feminina ganhou o título mundial na Austrália. Então jogando nas divisões de base da Ponte Preta e sendo desenvolvida para se tornar uma das melhores armadoras do Brasil na geração seguinte a do título, ela relembra como foi aquele momento de efervescência no esporte, a convivência com Paula e Hortência em momentos distintos e quanto o basquete brasileiro poderia ter "aproveitado" melhor a chance de ter tido um time campeão mundial para ganhar pontos na evolução da modalidade.

dri2BALA NA CESTA: Para quem tinha 15 anos na época e já jogando basquete nas divisões de base, como foi acompanhar aquele Mundial da Austrália?
ADRIANINHA: Olha, me marcou muito acompanhar aquele Mundial – e conseqüentemente a conquista. Eu jogava no infantil da Ponte Preta e fomos receber as campeãs lá no aeroporto! Sendo eu muito nova naquela época hoje posso te dizer que aquilo ali me inspirou muito. A grandeza desse título talvez eu entenda hoje melhor do que antigamente, pois sei o quanto é difícil para o Brasil chegar ao topo do basquete feminino em meio a tantas dificuldades. Ainda mais conhecendo a estrutura e a organização que as outras seleções têm lá fora.

BALA NA CESTA: O quanto aquela conquista influenciou na sua decisão de jogar basquete profissionalmente? Depois do Mundial, a exposição do basquete aumentou muito, não?
ADRIANINHA: Aumentou em partes porque foi um título inédito, tanto que é celebrado até hoje. Mas acho que o fato do Mundial de basquete feminino ser no mesmo ano da Copa do Mundo de futebol (nos Estados Unidos) tirou um pouco da visibilidade do nosso esporte.

dupla1BALA NA CESTA: Sobre Paula e Hortência principalmente. Como foi pra você jogar com a Paula e depois ter a Hortência como dirigente recentemente na seleção brasileira? Que tipo de lições/conselhos elas te passavam na quadra e fora dela?
ADRIANINHA: Paula foi essencial na minha carreira, sem sombra de dúvida. Tive a oportunidade de jogar com ela e isso me ajudou muito. A Hortência eu conheci mais tarde, e também sempre me deu conselhos essenciais para minha vida dentro e fora das quadras. É muito especial pra mim poder dizer que tive contato com duas das melhores jogadoras de basquete do Brasil e do Mundo.

BALA NA CESTA: Depois da Paula, você, Helen e a Claudinha foram as que mais tempo ficaram como armadoras da seleção. Como se sente jogando na mesma posição de uma das melhores armadoras de todos os tempos?
ADRIANINHA: Sinto-me honrada, pois aprendi um pouquinho com cada uma! Jogar com todas elas (Helen, Claudinha e Paula) me ensinou muito. Mas acho que cada destas três dentro do seu estilo é incomparável.

adrianaBALA NA CESTA: Vinte anos depois da conquista do Mundial, dá pra dizer que o basquete brasileiro como um todo não aproveitou quase nada daquele ouro na Austrália para plantar uma semente de um esporte melhor, mais organizado? Ou é exagero?
ADRIANINHA: Difícil essa pergunta. Não evoluímos como poderíamos, mas estamos sobrevivendo! O Brasil conseguiu ser bronze em Sidney-2000 e apesar de alguns resultados ruins sempre esteve presente em todos Mundiais e olimpíadas desde 1992. O esporte amador no Brasil em geral sofre para sobreviver, ainda mais o feminino. Então ganhando título ou não a guerra dos esportes amadores será sempre a mesma, ou seja, por patrocínios e uma organização melhor. Hoje podemos dizer que estamos no caminho certo e espero que a Liga de Basquete Feminino, a exemplo da masculina (NBB), consiga evoluir a cada ano.

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