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Bala na Cesta

Diário de Nova Orleans - Dia 3

Fábio Balassiano

16/02/2014 04h13

* O blogueiro viajou a convite do Canal Space

bosh1Das grandes e maravilhosas coisas que você faz em uma cobertura desse nível a mais maneira pra mim é desvendar um pouco da personalidade dos caras que a gente normalmente só vê quicando bola ou dando entrevista para os veículos da imprensa norte-americana. É uma forma de tirar as suas próprias conclusões – ou, em alguns casos, mudá-las completamente.

Foi o caso de Chris Bosh. Achava o cara meio marrento, amigos dos marrentos LeBron James e Dwyane Wade (estes sim, marrentos toda vida), mas Bosh deu um show de simpatia ontem (sexta-feira) e hoje também (sábado). De terno na coletiva do hotel (ao contrário das roupas extravagantes e de gosto duvidoso que têm sido vistas por aí), o ala-pivô, que tira quantas fotos forem necessárias com as crianças, falou de seu orgulho em chegar pela nona vez ao All-Star (e tem gente que ainda o acha um pereba), não teve qualquer afetação para responder às perguntas mais espinhosas (como a de sua saída de Toronto) e mostrou paciência para falar vinte vezes a mesma coisa para vinte jornalistas diferentes.

dirkAlguns, porém, você já achava um cara fantástico, chega pra entrevistar e só confirma. Dirk Nowitzki é um deles. Jornalista não pode entrevistar um cara e tratá-lo como ídolo, o nosso negócio é gerar desconforto, tirá-lo da zona de conforto para conseguir boas respostas, tudo isso. Mas aí você chega no sábado para tentar colher algumas coisas e aí sim fechar um material bacana e o alemão, que me reconheceu, solta: "Final da Copa do Mundo na sua cidade, hein. Que sonho! Aproveite muito". Você fica meio sem jeito, meio sem saber o que fazer. Ele é frio pacas (e falou sobre isso pois perguntei sobre aquele momento clássico em que após ganhar o título em Miami ele vai ao vestiário chorar), mas é um primor de educação, respeito ao trabalho dos outros (neste caso da imprensa) e comprometimento com a sua profissão. Ele é o mais velho do jogo que acontecerá amanhã (35 anos), estava longe da festa há duas temporadas, mas dos bate-papos que eu fiz posso dizer que o que mais me orgulhou certamente foram o dele e o de Alonzo Mourning.

Alguns outros caras e impressões rápidas:

1) DeMar DeRozan é muito tímido e parece assustado em seu primeiro All-Star. A todo momento olha pra baixo, procurando se esconder dos jornalistas que se aproximam. Chega a ser engraçado…
vogel12) Frank Vogel (foto à direita), treinador do Indiana Pacers, é tão didático dando entrevista quanto é em seus tempos técnicos. Como o foco estava todo nos atletas, consegui falar com ele praticamente sozinho (era eu e a TV oficial da franquia Pacers) e fiquei impressionado com sua calma e serenidade para dialogar.
3) Kevin Love é um dos caras mais inteligentes que eu já vi nesse meio. É sarcástico (sem perder o tom) com os repórteres, brinca com o assessor de imprensa do time (perguntando a ele se o que deve ser respondido é a tirada mais "política" ou a que ele deveria falar mesmo) e responde a tudo com muita clareza.
4) Kevin Durant é bem direto (como seu jogo). E disse que está bem cansado com as comparações que tentam criar entre ele e LeBron James. Não é pra menos, né. Só perguntam isso pro cara. As duas únicas que fiz pra ele foram sobre Olimpíada/Copa do Mundo de basquete e sobre seu papel de liderança na ausência de Russell Westbrook. Quando ele terminou estas duas, disse que eram as primeiras respostas que ele não precisava pronunciar os nomes de LeBron e Kobe Bryant…

Ah, sim. O terceiro dia na verdade teve isso que o vídeo aqui abaixo conta, tá! Fui!

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