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Bala na Cesta

Sobre a segunda divisão do NBB com 4 clubes

Fábio Balassiano

16/01/2014 02h53

lnbA Liga Nacional de Basquete anunciou ontem, via assessoria de imprensa, que apenas quatro equipes disputarão a segunda divisão do NBB a partir de fevereiro deste ano. Sport (PE – na foto à esquerda), Campo Mourão (PR), Lins (SP – na foto à direita) e Rio Claro (SP) se candidataram, enviaram as documentações e vão participar da competição cujo regulamento e formato serão definidos em 23 de janeiro. Como todo mundo sabe, o campeão da Série B do NBB joga a elite em 2014/2015, com os dois piores do NBB6 caindo para a segunda divisão.

Olha, em primeiro lugar temos o óbvio: o número de times é de fato muito, muito baixo. Esperava, talvez com uma boa dose de otimismo, de 8 a 10 times querendo entrar na segunda divisão. Ter quatro equipes mostra muito bem qual o estado do basquete hoje de um modo particular (nível baixo, produto ainda em construção e pouca visibilidade) e, extrapolando a esfera da modalidade, a quantas anda o interesse de empresas em patrocinar equipes esportivas (vide os recentes casos do decantado vôlei). Há milhões de razões para isso (gestão ruim, falta de informação ao patrocinador sobre retorno do investimento, dirigentes pouco preparados etc.), e acho que nem cabe aqui entrar na discussão, que é bem ampla. O fato é: o número certamente não é o que ninguém esperava, mas ele (o número) talvez tenha refletido exatamente o patamar em que o nosso querido basquetinho está em 2014.

linsPor outro lado, seria muito leviano da minha parte dizer que é uma vergonha ter uma competição com quatro times (e andei lendo isso ontem na internet, diga-se de passagem). Em primeiro lugar: ninguém começa voando, ninguém começa com uma segunda divisão de um esporte (é bom lembrar) deficitário com 14, 16 clubes. Seria um grande devaneio pensar nisso.

Se faltaram quatro, cinco clubes para um produto mais atrativo, taxar como "vergonha" ou ironizar a tentativa de os dirigentes da LNB de pavimentar ainda mais praças interessantes como Recife, Campo Mourão, Lins e Rio Claro me parece pouco inteligente. Uma perguntinha bem básica: se não tivesse a segunda divisão, como estes quatro times, que sabidamente querem jogar o NBB7, fariam para entrar na principal competição nacional?

sportAí entra meu segundo ponto. Todo mundo sabe que fui, sou e serei sempre contra os convites (convites que fizeram Basquete Cearense e Goiânia entrarem no NBB – e o Fluminense só não entrou porque não teve grana). Com a segunda divisão criada a Liga Nacional fica praticamente proibida de usar os famosos convites por uma simples razão: haverá uma clara forma de se jogar a elite do basquete brasileiro – o campeonato de acesso. Por fim, é bom pensar no futuro também. Com o produto em crescimento/expansão, dois rebaixados do NBB6, dois que virão da Supercopa da CBB, é possível (quase provável) que a próxima segunda divisão já tenha de seis a sete times.

É o ideal? Não, não é. O número é baixo? Sim, é. É o fim do mundo? Decididamente não é. A Liga Nacional ainda patina (cadê os patrocinadores, LNB?), mas se mata para corrigir imperfeições de 20, 30 anos do basquete nacional com razoável rapidez (só como comparação: na Espanha as divisões de acesso são de responsabilidade da Confederação local, e não da Liga ACB). A segunda divisão era um sonho antigo de quase todo mundo. Jogar uma pá de cal simplesmente porque à primeira vista o produto não é o ideal não me parece o mais inteligente. Na modalidade, sabemos disso, nem tudo acontece com a rapidez que gostaríamos, com a rapidez que desejamos. Faz parte de um esporte que ainda tenta se reencontrar, que ainda tateia em busca dos melhores modelos de gestão, das melhores formas de se chegar a um ponto recomendável para patrocinadores, dirigentes, atletas, mídia e torcedores.

Quanto tempo durará até chegarmos a um porto-seguro para o basquetinho? Ninguém pode dizer (inclusive se o dia chegará). Mas eu prefiro encarar a Série B do NBB como um começo, como uma forma de se chegar a, sei lá, duas divisões fortes com 14, 16 clubes no basquete brasileiro, e não como algo ruim, tenebroso, trágico como muita gente está tentando pintar.

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