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Bala na Cesta

A análise sobre a saída Luol Deng do Chicago

Fábio Balassiano

07/01/2014 12h30

drew1Então o Cleveland Cavs conseguiu mesmo despachar Andrew Bynum (foto à esquerda), que, segundo o time, cometeu um ato de indisciplina e não seria reintegrado tão cedo ao elenco (o que será que ele fez de tão grave?). A ideia era mandar o pivô pra longe até terça-feira, fazendo com que a franquia não pagasse seu contrato de forma completa. Até aí todo mundo sabia, mas os rumos da negociação mudaram.

O alvo principal era o Los Angeles Lakers, mas outra vez Pau Gasol parece ter se livrado (lembremos, que dois anos atrás, a negociação que mandaria Chris Paul pros Lakers e o espanhol para o New Orleans foi vetada pelo comissário-geral David Stern, que alegou "basketball reasons"). Os dois times não chegaram a um acordo, e no final da noite de segunda-feira os Cavs encontraram uma solução ainda melhor: mandaram Bynum para Chicago Bulls e conseguiram Luol Deng em troca.

Para os Cavs, é bem simples: pensamento de curtíssimo prazo, visando o retorno aos playoffs depois de três anos. Luol Deng é um excelente jogador, defende como poucos, vai ser bem útil na evolução de um elenco tão jovem quanto talentoso, mas tem contrato até o final desta temporada. Pode ficar quatro meses em Ohio e testar o mercado (ou, caso goste, ficar por lá mesmo – algo que considero, até então, bem improvável). O foco, portanto, está em tentar ganhar o máximo possível agora. Motivos não faltam: a) Kyrie Irving, craque de bola, já está pronto e precisa começar a sentir o cheirinho de pós-temporada; b) Caso consiga dar um bom contrato para Deng, pode ter um trio de perímetro bem interessante pelos próximos anos (Irving, Dion Waiters e o ex-jogador do Bulls); e c) Tentar o retorno do sonho chamado LeBron James não está descartado.

Luol DengMas o ponto central mesmo acabou sendo o Chicago, que deve dispensar Andrew Bynum até 17h desta terça-feira para se livrar de seu polpudo salário e poupar mais de US$ 20 milhões até o final da temporada. O pivô será agente-livre até o final da semana, e Knicks (sempre), Miami (e o Oden?) e Clippers já surgem como possíveis alvos para fisgar o gigante.

O Bulls, por sua vez, ganhou um punhado de escolhas de Draft (como você pode ler aqui na explicação bem boa de Luis Araujo ou no site da ESPN) e obviamente está mirando o futuro com a negociação de ontem. Negociação que só ocorreu, é bom dizer, porque, de acordo com o Yahoo Sports, Deng recusou uma proposta de 3 anos, US$ 30 milhões da franquia na semana passada. Era, portanto, uma questão de trocá-lo agora por escolhas no Draft e segurar a grana (estando abaixo do teto salarial) para pensar no futuro (o calouro Tony Snell terá mais tempo de quadra) ou perdê-lo por nada (nada é nada mesmo) em julho. A turma de Illinois pode não ter sido muito hábil para manter seu excelente ala antes, mas no começo de 2014 ela se viu totalmente encurralada e precisou agir.

Há algumas peças que ajudam a fechar o quebra-cabeça do Chicago Bulls. A primeira chama-se Nikola Mirotic. Escolhido no Draft de três anos atrás pela franquia, ele está no Real Madrid jogando muita bola e pretende fazer a "migração" Europa-NBA no começo da próxima temporada. Como seu contrato de calouro expira, os Bulls cogitam pagar um pouco mais para de cara estender seu contrato. Arriscado, sem dúvida, mas tirar Mirotic da negociação de ontem não faz sentido. O Chicago olha pra ele com carinho e sabe que se der mole o mercado pode correr em cima de um jogador de altíssimo nível e praticamente pronto.

boozer1A outra peça importante chama-se Carlos Boozer (foto à esquerda). Envolvido em rumores de troca dia sim, o outro também, o ala-pivô recebe muita grana na próxima temporada (quase US$ 17 milhões) e muita gente considera válido ou trocá-lo agora ou anistiá-lo no começo do campeonato que está por vir (aliviando a folha salarial). Com o bom rendimento de Taj Gibson (com contrato longo e de valor razoável) e a chegada de Mirotic, fica realmente difícil imaginar que Boozer emplaque na ala do Bulls por muito tempo.

Não é um quebra-cabeça fácil este do Chicago. A franquia optou claramente por desistir deste campeonato, abrir espaço em sua folha e mirar fortemente os próximos anos. Poderá entrar no mercado de agentes-livres com toda força (Carmelo Anthony?), pescar boas peças no Draft de 2014 e ainda assim se manter fortíssimo com a volta de Derrick Rose. Luol Deng é ótimo, vai ser bastante importante para a evolução imediata do Cleveland, mas a verdade é que os Bulls não tinham muito o que fazer neste começo de 2014.

Como não conseguiu renovar com ele (o Plano A), John Paxson, o vice-presidente de basquete, partiu para o Plano B. Juntou todas as peças e vai tentar formar um novo time a partir dos campeonatos que estão por vir. Se vai dar certo? Ninguém sabe, mas Paxson teve que agir. E agiu rápido (mérito grande nisso também).

E você, o que achou dessa saída de Deng de Chicago? E o que será de Andrew Bynum? Comente!

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