Topo

Bala na Cesta

É hora de mandar Jason Kidd embora?

Fábio Balassiano

27/12/2013 01h42

kidd1No jogo de Natal de dois dias atrás a torcida de Brooklyn ficou enfurecida com a apatia e a falta de qualidade do time. Foi realmente bem feio ver o Chicago, cujo ataque está longe de ser um primor, navegar em águas tão tranquilas diante da tenebrosa defesa do Nets (a sétima pior da NBA, com 102,3 pontos/noite) na vitória de 95-78.

Aí, obviamente, a frustração ganhou voz e o coro de "Fire Kidd", ou 'Fora, Jason Kidd', apareceu com toda força. A campanha do time que deveria (ou fora montado para isso) brigar pelo título do Leste de igual para igual com o Miami Heat (Indiana? Quem lá no Nets pensou no Indiana?) tem medíocres 9-19, realmente não sabe sair do buraco (ainda mais agora, sem Brook Lopez, decididamente o melhor jogador do time na temporada ao lado de Joe Johnson) e tem pela frente, depois do jogo de hoje contra o Bucks, simplesmente Indiana, Spurs e Thunder fora de casa (só isso…).

kidd2A dúvida que fica é: vale a pena mandar o técnico Jason Kidd embora agora, começando 2014 com um novo comando, uma nova mentalidade, um treinador com experiência e currículo para domar feras como Kevin Garnett, Deron Williams, Paul Pierce, Johnson e Andrei Kirilenko? A resposta, creiam, não é tão fácil assim de ser respondida.

Em primeiro lugar, há um fator bem básico: Jason Kidd não é só o técnico da franquia, mas também tornou-se um dos sócios do Nets quando comprou a parte minoritária que pertencia ao cantor Jay-Z (não chega a 1%, mas é alguma coisa). Em segundo lugar, seria um tiro no pé da diretoria da franquia, que, contra tudo, assinou com Kidd achando que o ex-jogador se tornaria um grande técnico de cara mesmo sem ter minimamente um tempo para respirar antes de assumir uma nova função. E em terceiro lugar: no basquete são raríssimos os times que conseguem ganhar do dia para a noite. Perder, portanto, faz parte do processo de montagem de um grande e vencedor time de NBA, como sempre gosta de dizer Phil Jackson.

kidd3O fato é que eu jamais teria contratado Jason Kidd simplesmente porque ninguém, nem ele mesmo, o considera (ainda) um técnico de verdade. Foi um risco assumido, e dos grandes, por uma franquia que queria ser vencedora muito rápido (e na verdade precisa ser forte rapidamente, pois o elenco tem veteranos e contratos imensos) justamente por ter investido os tubos (a folha, de mais de US$ 102 milhões, é a maior da NBA).

Mas, ok, vocês olham este espaço esperando que eu diga alguma coisa, certo? Então vamos lá. Se eu tivesse a caneta do Nets na mão, eu NÃO demitia Jason Kidd. Não dá pra contratar nenhum grande jogador agora, Andrei Kirilenko volta em breve a atuar, Brook Lopez está fora, não há picks disponíveis no próximo Draft e o playoff é um sonho distante neste campeonato. Eu cercaria, portanto, Kidd com assistentes experientes, pensaria já na próxima temporada e daria um voto de confiança ao elenco e ao técnico. Jogar tudo pro alto agora seria péssimo para a imagem da franquia, do treinador, dos donos e dos atletas.

kidddO Leste tem dono – Miami ou Indiana – e achar que dá pra brigar com eles nestes playoffs é insano demais (se houvesse chance de ir às finais da NBA agora, beleza, que o trocasse rápido). Que o Nets, do magnata Mikhail Prokhorov (ambos na foto ao lado), se contente em, desde já, arrumar a sua tenebrosa defesa e achar um esquema de jogo sábio para o ataque visando a próxima temporada (o time, lento, é o que menos pontua em contra-ataque na liga).

Jason Kidd não é técnico, mas pode ficar mais próximo disso caso acreditem no potencial que ele apresentou na entrevista de emprego. Entrevista de emprego que rendeu um… emprego de técnico pra ele há menos de seis meses. Despachá-lo agora seria uma confissão de incompetência e uma sentença de falta de paciência contra a franquia. Não vale a pena, em minha opinião.

Concorda comigo?

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.