O Bom Senso F.C. e o basquete brasileiro
Ontem foi uma noite histórica para o futebol brasileiro (mais aqui). O Bom Senso F.C. (mais aqui), movimento que cobra (como o próprio nome diz) condições melhores de trabalho no mais popular esporte do país, fez o seu maior protesto desde que surgiu meses atrás. Nos jogos desta quarta-feira os atletas de todos os times envolvidos entraram com uma faixa que dizia, entre outras coisas "Amigos da CBF, e o Bom Senso?" e antes do primeiro minuto ficaram parados com mãos cruzadas. Tudo realmente muito bonito e admirável.
E aí fiquei pensando em como seria bacana se no basquete houvesse um mínimo deste senso crítico, um pouco da atitude apresentada pelos caras do futebol nesta quarta-feira. A Associação de Jogadores, presidida por Guilherme Giovannoni (foto à esquerda) existe, sim, entrou com um protesto contra o Espéria (peixe pequeno…), mas até agora não fez nada (insisto nisso) contra os salários atrasados de Flamengo e Suzano (para ficar em dois exemplos). Isso, claro, sem falar sobre a deprimente administração da CBB – algo que decidida e infelizmente nenhum deles quererá mexer por medo de retaliações maiores (tipo jogar na seleção brasileira…).
Mas não é só isso. Ontem mesmo escrevi aqui que o Pinheiros jogaria no mesmo dia (hoje, no caso) em duas competições diferentes (Paulista e NBB – esta com time Sub-22), e alertei para a possibilidade de o mesmo ocorrer com Franca e Bauru, que jogariam na noite de quarta-feira. Pois é. E aconteceu. Com uma cesta final de Paulão (se cuidasse melhor melhor de seu físico…) os francanos venceram por 76-74 e forçaram o quarto-jogo nesta quinta-feira. Aí vocês já sabem: as duas agremiações jogarão o NBB, os primeiros jogos do NBB, com seus times juvenis. Triste, hein.
E o que fez a Associação em relação a isso? Nada, absolutamente nada. Soltar release, com declarações bem redondas, não ajuda, não resolve absolutamente nada. É bonito, mas na prática não ajuda ou soluciona absolutamente nada – e mostra um lado fisiológico da entidade que é bem feio, diga-se de passagem. Os dirigentes devem olhar, suspirar e seguir suas vidas. Agora vejam que absurdo: a Liga Nacional, que deveria ser o produto premium do país, começará com três times jogando com suas equipes juvenis (ou algo assim), e isso não pode ser normal. O (repetindo) produto, que deveria ser bem cuidado, é visto como algo superfluo, acessório. E sua mão-de-obra, os atletas, como sempre fica de lado, a margem de toda discussão. Por quê? Sinceramente não sei, mas é bem triste ver uma atitude tão passiva, não?
Foi inevitável comparar os dois momentos. Sim, sei bem que os jogadores de futebol podem ter tardado em agir, em colocar a boca no mundo, em reclamar de problemas crônicos que acontecem aqui há 15, 20 anos. É um fato. O problema no trato da CBF é antigo, inaceitável. Tudo isso eu sei. Mas o que choca é que o basquete, com muito mais para reclamar, com muito mais esferas para se revoltar (CBB, LNB, ABASU e FPB ao mesmo tempo, agora) acaba se calando, se escondendo nas trincheiras, se encolhendo em sua própria pequenez.
Em terra de gigante, o silêncio mostra o tamanho da atitude. Ou da falta dela.
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