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Bala na Cesta

Exclusivo: Eletrobras suspende patrocínio da CBB - corte é de R$1,1mi

Fábio Balassiano

24/10/2013 05h45

Na semana passada eu divulguei aqui em primeira mão que por falta de verba a Confederação Brasileira de Basketball decidiu não realizar a Copa do Brasil feminina, prevista para começar em outubro deste ano. Na tarde de ontem a CBB confirmou em seu site (aqui o link para a Nota Oficial) que a competição só será realizada em 2014 e que o motivo da não organização do campeonato em 2013 é o não recebimento da segunda parcela do contrato de R$ 5,5 milhões da Eletrobras, principal patrocinadora da entidade máxima em 2013 (aqui o link onde foi anunciada a manutenção da parceria). Esta "segunda parcela" deveria ter sido paga no começo de outubro, acrescento eu.

Pois muito bem. Fui procurar a Eletrobras para saber o motivo da suspensão do patrocínio, e a estatal me respondeu o seguinte por e-mail na tarde desta quarta-feira: "Em 14/06/2013, a Eletrobras já liberou o equivalente a 80% do contrato de patrocínio firmado no ano de 2013. Até o final do ano a empresa espera liberar os 20% restantes, aguardando apenas o cumprimento de cláusulas contratuais pela CBB". Ou seja: R$ 4,4 milhões já haviam sido depositados para a Confederação, e com esta suspensão deixam de ser pagos R$ 1,1mi, montante que certamente fará falta para uma entidade que deve, de acordo com o presidente Carlos Nunes, atualmente R$ 6 milhões e que fechou 2012 devendo R$ 8,8 milhões.

É impossível dizer qual é realmente o motivo da suspensão do patrocínio (procurei as duas envolvidas: a CBB me disse que, da parte dela, está tudo "normal", e a estatal preferiu não comentar as razões), mas é sempre bom lembrar que já houve um problema gravíssimo de prestação de contas da entidade máxima do basquete brasileiro para com a Eletrobras em 2011.

Não sei se todos lembram, mas divulguei aqui em maio de 2012, através de análise do balanço financeiro da CBB, que a Eletrobras deduziu, em 2012, o valor de R$ 825.707 devido a falta de prestação de contas da CBB em 2011. Ou seja: o dinheiro da empresa pública, que deveria ser utilizado para o projeto de basquete do país, foi usado para pagamento de tributos e contribuições não passíveis de cobertura contratual  – e isso obviamente não é permitido. Isso foi confirmado pelo próprio presidente Carlos Nunes em entrevista ao site da CBB: "O motivo do déficit foi uma defasagem no patrocínio da Eletrobras. Alguns itens foram glosados, pois o contrato não previa. E por força burocrática, o patrocinador teve que glosar".

Então é isso. A Confederação Brasileira perde, ao menos por enquanto, R$ 1,1 milhão da verba de patrocínio da Eletrobras e fica ainda mais asfixiada financeiramente. Não conseguirá realizar a Copa do Brasil Feminina e sabe lá se terá fôlego financeiro para honrar os demais compromissos já programados para o fim deste ano (Campeonatos Brasileiros de Base, por exemplo). Se o Ministério do Esporte não tivesse premiado tamanha falta de competência com surreais R$ 14,8 milhões para a CBB em 2012 eu sinceramente não sei em que situação se encontraria a entidade.

Para quem acompanha este blog, e sabe de todos os problemas financeiros (dívida a Itaú, agência de viagem e condomínio, por exemplo) da Confederação Brasileira (quem não está muito por dentro clica aqui), não é nenhuma surpresa, certo?

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