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Bala na Cesta

Após renovação na seleção feminina, jovens não encontram espaço nos clubes

Fábio Balassiano

21/10/2013 15h10

Luiz Augusto Zanon (foto) foi corajoso desde sua primeira convocação à frente da seleção feminina (falei bastante sobre isso – relembre aqui). Renovou o elenco de forma quase que completa, chamou jovens atletas que precisavam de espaço e tentou, nos três meses em que as comandou, desenvolver o basquete delas da melhor maneira possível no Sul-Americano (título em Mendoza, Argentina) e Copa América (terceiro lugar e vaga no Mundial).

O que se esperava é que, com o pontapé inicial da seleção, os clubes passassem a olhar as jovens com um pouco mais de carinho para as meninas que têm menos de 22, 23 anos. Mas neste começo de temporada 2013/2014 não é o que está acontecendo. Das nove jogadoras pinçadas por Zanon para a fase de testes, a que mais vem jogando no Paulista é Tainá, armadora titular de Ourinhos (26,1 minutos).

O time do interior de São Paulo, é bom citar, apostou na renovação do elenco, mas faz com que Joice (20 minutos) e Patrícia (25,1) praticamente dividam os minutos entre elas e o que resta de Chuca (26 minutos). Mas ainda é muito pouco. Titular da armação na seleção, Débora Costa amarga a reserva de Joice em Americana e não chega a jogar nem 20 minutos por jogo (mesmo caso com Damiris, que disputa espaço com Êga). Isabela Ramona, cestinha do Mundial Sub-19, tem 15 minutos por jogo em uma equipe que até a temporada passada tinha como filosofia dar espaço às revelações do basquete brasileiro (Fabiana Caetano, contratada esta temporada, tampouco encontra brecha no elenco joseense).

Abaixo os dados completos das meninas que, nesta faixa etária, deveriam estar jogando.

É óbvio que esta não é uma situação agradável nem pras meninas e nem para Zanon. Elas precisam jogar para manter a evolução. E o técnico esperava que o processo iniciado por ele tivesse continuidade nos clubes. Clubes que, por sua vez, preferem o produto mais experimentado para as competições nacionais.

Não dá para culpá-los, porém. Para um basquete que vê, a cada dia, agremiações fechando as portas por problemas financeiros graves é até óbvio que as equipes apostem em atletas mais maduras que podem dar um título que garante a continuidade do patrocinador, do trabalho, da própria existência. Não é o que eu faria, mas é um raciocínio bem lógico.

A conclusão é simples: vive um paradoxo interessante o basquete feminino brasileiro. Os clubes preferem não arriscar nas mais novas. A seleção, por sua vez, já começou o processo de dar vazão ao talento delas. O que eu, daqui, esperava é que pelo menos no Paulista elas tivessem um pouco mais de rodagem, um pouco mais de experiência, um pouco mais de chance (talvez esta seja A palavra) para tentar. Depois de suas boas exibições (Mundial Sub-19 e Copa América), o mínimo que as jovens mereciam era um voto de confiança.

Nem isso tem sido visto neste começo de temporada, né. É uma pena.

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