Topo

Bala na Cesta

Com menos clubes, sem grana, dependência acentuada da Globo e formato bizarro na final, o retrocesso do NBB

Fábio Balassiano

14/08/2013 13h00

Você leu aqui mais cedo o que penso sobre a deprimente situação que envolveu a não participação do Fluminense na próxima edição do NBB. Mas por incrível que pareça as notícias ruins não terminaram por ali no basquete nacional na terça-feira (e nem falarei sobre o surreal caso do atraso no jogo da seleção masculina devido aos uniformes da mesma cor de Brasil e México).

Nesta terça-feira foram anunciados que 17 times (12 avançam aos playoffs), um a menos que na temporada passada, disputarão o NBB (dos 18 do NBB5, Tijuca, Joinville e Suzano estão fora; as novidades são Macaé e Goiânia), uma prova que o avanço que a gente tanto cobra na principal competição de basquete do país ainda não veio (falarei mais sobre essa parte de marketing/comunicação no próximo post). Mas, creiam, o mais bizarro não é o número menor de agremiações para o próximo campeonato que começa em 9 de novembro com Flamengo x Brasília (um sábado e provavelmente com transmissão da Globo, parceria comercial da Liga), mas sim o formato da final que está sendo posto em discussão (para que a Rede Globo, tema do post anterior, tenha a palavra final).

Peço, por favor, que os senhores leiam com atenção o regulamento (copiarei do Release da Liga Nacional): "O método de disputa da Final do NBB6 ainda não está definido. A LNB está em negociações com a Rede Globo, parceira da entidade na realização do campeonato, para realizar a decisão em duas partidas, ambas com transmissão ao vivo do canal para todo o Brasil. Neste caso, o time com pior campanha na fase de classificação sediaria o primeiro jogo e a equipe melhor classificada jogaria em casa o duelo derradeiro. Se cada time vencer um confronto, o saldo de cestas definiria o campeão. Caso ocorra um novo empate, o vencedor seria o clube com melhor campanha na fase de classificação".

Sim, é isso mesmo (leia mais aqui). Dois jogos, saldo de cestas pra decidir e mando de campo decidindo o campeão caso haja empate no número de pontos (virou futebol, é isso?). É óbvio, ainda não está definida como será a final, tudo pode mudar, mas eu juro que queria entender de onde saiu este formato absurdo para a decisão (algo que copia o futebol e que pode gerar distorções surreais, como a de um time que pode precisar fazer uma cesta contra pra levar a partida à prorrogação e, lá, tentar a diferença de pontos necessária para o título) que já virou motivo de chacota e revolta nas redes sociais na tarde de ontem, e onde estão os avanços que vimos na Liga Nacional desde o seu surgimento.

A terça-feira foi triste, muito triste, para quem via na LNB uma entidade séria, planejada e até certo ponto com cabeça arejada para a reconquista de um espaço importante para o basquete como esporte de destaque no país. Da seriedade dos dirigentes eu não duvido, mas sinceramente creio que os caras estão metendo os pés pelas mãos nessa tentativa desesperada de querer agradar à Globo e popularizar o esporte ao mesmo tempo – como se apenas na tela da principal emissora do país fosse o caminho pra isso (falarei sobre isso no próximo post, aguardem).

Ao invés de avançar, como seria o normal (mesmo que em modo lento, como vinha acontecendo), o produto NBB está pior em relação a dois anos atrás – com menos times, menos atrativos, menos patrocinadores (leia mais aqui) e dependência absurda da Globo, que, vejam só, decidirá como será a final (a cereja do bolo) do campeonato. Clubes estão saindo, patrocinadores também, nenhuma inovação é vista em termos de receita e ideias bacanas e agora surge este formato inacreditável para a final. Qual será a próxima grande novidade?

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.