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Bala na Cesta

Cestinha do Mundial Sub-19, Isabela Ramona comemora primeira convocação pra seleção adulta

Fábio Balassiano

08/08/2013 11h20

A baiana Isabela Ramona nasceu em 1994, ano que a seleção brasileira feminina conquistou seu maior título (Mundial da Austrália). Na Boa Terra, ela talvez não imaginasse que em menos de 20 anos estaria vestindo a mesma camisa que Janeth Arcain, sua técnica no Mundial Sub-19. Cestinha com 18,2 pontos por jogo e uma das melhores jogadoras da competição que terminou na Lituânia há duas semanas (sexto lugar), Ramona foi convocada ontem pela primeira vez para a seleção adulta. Tendo começado a jogar por influência de seu primo, Bruno, Isabela deixou seu irmão Waltinho, seu xodó, em Salvador, se mudou para o Rio de Janeiro com sua mãe (Iris), onde jogou a partir de 2007 em Fluminense e Mangueira, até se transferir para Jundiaí e, depois, para Guarulhos, clube que disputou a última edição da LBF. Contratada recentemente por São José, a ala de 1,79m e 19 anos chega a seleção de Zanon credenciada por ótimos desempenhos nas categorias de base.

BALA NA CESTA: Como foi a notícia da sua convocação? Ficou muito emocionada?
ISABELA RAMONA: Ah, cara, muita emoção, né. Fiz um bom Mundial, comentaram com a gente que poderia acontecer, mas a gente só acredita quando vem a confirmação. A Sassá, que também foi chamada, me mandou mensagem, ficamos muito felizes. É um momento bacana.

BALA NA CESTA: Mesmo sendo uma das mais novas, você pensa em ficar no grupo da Copa América, ou só em treinar por uma semana com o Zanon já está bom?
ISABELA RAMONA: Eu penso em jogar a Copa América, claro. Tenho que colocar este objetivo pra mim, embora saiba que é difícil. Converso muito com a Joice (Coelho), que é uma das minhas melhores amigas, e ela me conta como é o ambiente da seleção e um pouco das rotinas do Zanon, o técnico. Espero corresponder e ficar no grupo, sim. Sei que é difícil, mas é quase todo mundo da mesma idade, né.

BALA NA CESTA: Você foi um dos grandes destaques do Mundial Sub-19 em que o Brasil ficou em sexto lugar, sendo a cestinha e a principal líder do time. Qual a diferença da Ramona que disputou o Mundial em 2011, chegando em terceiro, pra Ramona de 2013
ISABELA RAMONA: Muita, muita. Mas tem algumas coisas interessantes. Neste ano eu era uma das líderes do time. Então tinha responsabilidade de pontuar e de comandar as outras meninas em quadra. Era mais do que jogar, mas também de dar exemplos, ser referência mesmo. Em 2011 eu era uma das mais novas, mas fui aprendendo e ganhando espaço na rotação do Tarallo. O interessante daquele ano de 2011 é que foi ali que cresci muito, muito. Foi assustadora a minha evolução desde o começo daquele período de treinos até o final do Mundial do Chile. Depois daquela competição é que passei a acreditar mais em mim.

BALA NA CESTA: O Brasil começou muito bem o Mundial, vencendo quatro jogos seguidos (Rússia, Sérvia, Japão e Coreia do Sul), mas perdeu três seguidos para seleções bem fortes (Austrália, Espanha e França). Pelo que você viu nos dois últimos Mundiais, o Brasil está muito atrás destas seleções?
ISABELA RAMONA: Olha, não, não está. O que acontece é que a preparação para este Mundial foi bem menor em relação ao último, de 2011. Ficamos dois, três meses treinando e isso acabou sendo sentido. Não foi pouco, mas poderíamos ter ido melhor, sem dúvida. O que faltou mesmo foi consistência no Mundial. Alternávamos momentos excelentes com outros muito ruins, e a grande lição que ficou desta competição na Lituânia é que em torneio deste nível não dá pra vacilar dois minutos, três minutos, que é tragédia na certa. A chave é manter o foco o tempo todo.

BALA NA CESTA: Você jogou sua primeira LBF pela Mangueira, há duas temporadas, e me lembro muito de um jogo que estive no Tijuca em que vocês ganharam do São Caetano, lembra (aqui e aqui)?
ISABELA RAMONA: Poxa, como lembro. Chorei demais naquele jogo. Foi uma vitória emocionante. Lembro que fiquei na quadra abraçando todo mundo sem saber o que pensar. Tinha 16 anos, caramba. A Mangueira foi muito importante pra mim, assim como o Fluminense, time que comecei no Rio de Janeiro. Tenho muito a agradecer a técnica Elen Rosa, minha primeira técnica, e ao Agostinho e ao Guilherme Vos, que me ajudaram demais. Foram eles que me deram toda a base de basquete, todo ensinamento. Pegaram muito no meu pé. Lembro que treinava na mesma quadra que a Clarissa, que agora estará na seleção comigo, e era um prazer vê-la se entregando a cada exercício. Foi uma experiência incrível com eles no Fluminense e principalmente na Mangueira. Aprendi demais.

BALA NA CESTA: Pra fechar, duas perguntas: no que você precisa melhorar pra chegar ao nível que você deseja em sua carreira?
ISABELA RAMONA: Olha, preciso melhorar em tudo, mas eu preciso estar mais confiante pra arremessar, pra definir no ataque, isso sim. Melhorei muito em meu arremesso, e nesta seleção eu vi que posso ser efetiva no ataque com chutes, cortes e outras jogadas ofensivas. Sou uma menina agressiva ofensivamente, e sei que posso ter bom futuro no basquete assim. Não será fácil, mas preciso me manter confiante.

BALA NA CESTA: A Olimpíada de 2016, a próxima, será no Rio de Janeiro, na sua casa. Isso te motiva ainda mais, não?
ISABELA RAMONA: É algo que motiva não só a quem mora no Rio de Janeiro, mas toda menina que joga basquete no Brasil, né. Mas seria sensacional se pudesse estrear em uma Olimpíada na minha casa, no quintal de casa. É um sonho e preciso fazer por onde alcançá-lo.

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