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Bala na Cesta

Caro ou barato? Uma análise sobre o preço dos ingressos do jogo da NBA no Brasil

Fábio Balassiano

31/07/2013 11h40

Como você deve saber, estive ontem na coletiva de imprensa que apontou preços dos ingressos e próximos passos para o primeiro jogo da NBA no Brasil (entre Washington Wizards e Chicago Bulls, no Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 2013). Muita gente me perguntou se eu considerava o preço caro. Minha resposta é: sim, é caro. Muita gente me perguntou, também, se é um absurdo? Minha resposta foi: não, não é um absurdo. E vamos aos motivos.

Em primeiro lugar, é importante deixar uma coisinha bem clara. Ontem falei aqui sobre o escárnio que é o preço de um jogo da seleção brasileira em Anápolis, e muita gente pode pensar que, até pelos valores serem parecidos, o raciocínio se aplicar aqui também. Não, não tem absolutamente nada a ver. A Confederação deveria se preocupar em massificar o esporte, em desenvolver a modalidade. Essa é sua principal e primeira preocupação no país. A NBA, por sua vez, é uma entidade profissional que é gerenciada por clubes e que precisa arrecadar dinheiro, muito dinheiro. Não é porque ela quer ver a China jogando cada vez mais basquete que todo ano os times vão pra lá. É porque há um potencial de consumo incrível no gigante asiático e quanto daquela grana chinesa será destinada a produtos da liga norte-americana. Feito isso, vamos lá.

Sobre o valor em si, é óbvio que não é um preço barato (ninguém é maluco de dizer que o mais baratinho, de R$ 180, é um troco), mas há cinco coisas que pesam a favor dessa escolha da liga norte-americana  e da IMX, promotora do evento: 1) a questão alucinante da meia-entrada no Rio de Janeiro (não sei se é um caso no país inteiro, mas por aqui quase todo mundo tem meia-entrada, e os produtores de evento acabam aumentando a inteira justamente porque sabem que suas receitas serão praticamente rachadas ao meio); 2) É a primeira vez de um jogo da NBA no país e há um desejo reprimido imenso principalmente na galera de 18-34 anos que acompanha o melhor basquete do mundo desde o começo da década de 90; 3) Decididamente não se trata de um jogo de basquete, mas sim de um grande evento, todos sabemos disso; 4) A quantidade de espetáculos de bom nível (técnico, organizacional e estrutural) no país é escassa, e quando há um ótimo vindo de fora a população ainda paga; e 5) É a velha Lei da Oferta e da Procura – justa ou não, vai ter gente querendo bancar e é nisso que a NBA aposta para lotar os 14 mil lugares da HSBC Arena (e nem falei aqui sobre um dos primeiros jogos de Derrick Rose em sua volta às quadras e o custo para ter o evento por aqui, né).

Insisto nesse ponto: a NBA e a IMX não estão trazendo um jogo de pré-temporada para o Brasil para popularizar o esporte, algo que ela acaba até tangenciando em suas ações para ter um mercado maior (mas ela mesma sabe que esta não é a sua principal atribuição por aqui). É negócio, e como toda empresa deve primar primeiro pela satisfação de seu cliente final e pelo lucro (ou vocês ainda não pensaram que a Argentina possui Manu Ginóbili, tricampeão da liga, e sequer foi cogitada pra receber a partida porque passa por uma situação econômica lamentável). Não há ingresso baratinho, não é um post bonitinho, mas é a verdade e a realidade de um mercado absurdamente bem administrado (o mercado esportivo dos Estados Unidos).

E se o objetivo é estritamente profissional, a NBA e a IMX devem tentar lucrar horrores com o jogo e todo o entorno que cerca o evento – compra de ingressos, roupas, acessórios etc. . É uma aula não só de basquete, mas principalmente de gestão esportiva.

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