Seleção brasileira jogará em Anápolis e terá ingressos de até R$ 140 - como explicar isso?
A Confederação Brasileira de Basketball anunciou ontem em seu site a programação e os valores dos ingressos para o Super 4 que a seleção masculina adulta jogará em Anápolis (GO). No dia 10, o time de Rubén Magnano enfrentará o México, enquanto que Argentina e Uruguai medem forças. Os vencedores jogam no dia seguinte a decisão do torneio.
E os preços para quem quiser assistir às partidas? A Arquibancada sairá pela bagatela de R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia), e a Cadeira tem custo de R$ 140,00 (inteira) e R$ 70,00 (meia).
Na boa, acho que os dirigentes do basquete brasileiro enlouqueceram de vez. Em primeiríssimo lugar: cobrar R$ 40 (pegando preço da meia entrada, tá) para um jogo de basquete no Brasil é um verdadeiro absurdo. Pelo nível técnico, que não é dos melhores, pelo entretenimento, que sabemos ser fraco, e pelos adversários (nem a Argentina virá completa). Um jogo de campeonato brasileiro de FUTEBOL está custando R$ 20 (Fluminense x Cruzeiro, veja aqui). Como pode o basquete, que não está nem entre os cinco mais populares do país na atualidade, cobrar esse preço altíssimo?
Mas por incrível que pareça o valor alto nem é o maior dos problemas que enxergo, não (e é um problema grave, repito). A grande questão é que o basquete precisa se popularizar, precisa encher ginásios, precisa fazer com que a torcida queira ir ao ginásio, precisa fazer com que o povo, que parou de se acostumar a acompanhar a modalidade há 15, 20 anos, volte ao ginásio. Isso não sou eu que digo. Pegue a média de público do NBB e da LBF, que não chega a 1.500 pessoas/jogo, e será comprovado. Pergunte a seu pai, irmão, namorada ou peguete quem é o maior ídolo da seleção atual e você poderá ouvir, como eu ainda ouço, os nomes de Oscar Schmidt e Magic Paula.
Mas aí há a oportunidade, raríssima, pois as seleções brasileiras – de base e adulta – jogam muito pouco por aqui, de colocar a seleção brasileira para jogar diante do torcedor, promover a modalidade e de apresentar os ídolos a quem anda meio por fora. E o que faz a CBB? Alucina nos preços.
Sei que a Confederação Brasileira está totalmente asfixiada em dívidas e não possui uma ótima cabeça pensante em termos de administração/marketing trabalhando na Avenida Rio Branco, onde fica a sua sede, mas me parece um disparate sem precedentes na história do basquete deste país ter um torneio AMISTOSO contra seleções de nível B (a Argentina seria nível A se viesse completa, é bom que se diga) custando até R$ 140 por partida. Você já pararam pra pensar quanto sairia, para um pai de família de Anápolis, levar seus dois filhos ao ginásio pra ver semifinal e final? Mais de R$ 300. Caro, não? Qual é o objetivo disso? O que a entidade máxima pretende com isso?
Ajudar a popularizar o esporte é que não é. Que pena. Perde-se uma oportunidade imensa. Mais uma.
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