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Bala na Cesta

Belíssima, caloura Elena Delle Donne guia Chicago e mira MVP em estreia na WNBA

Fábio Balassiano

15/07/2013 11h45

Na noite do Draft da WNBA em 15 de abril de 2013 todo mundo só falava no trio envolvendo Brittney Griner, Skylar Diggins e Elena Delle Donne, as três meninas mais badaladas da classe e que seriam escolhidas logo no início daquela seleção em Bristol, Connecticut. A primeira era uma bomba que fazia pontos e enterrava como se não houvesse amanhã. A segunda, a esperança de renovação na armação dos Estados Unidos.

Sobre Elena Delle Donne pairava uma dúvida. Como aquela loura de olhos verdes se sairia em um ambiente muito, muito mais difícil do que o que sua Universidade (de Delaware), que nem é uma das mais conhecidas do circuito norte-americano? Será que, com 1,96m, a menina que fazia sucesso em sua cidade-natal e baseava seu jogo em uma técnica refinada seria capaz de fazer a migração satisfatória para a WNBA sem arranhão algum?

A dúvida era óbvia e fazia muito sentido. Ex-jogadora de vôlei, Elena, que tem uma irmã que sofre de paralisia cerebral e é sua grande xodó (Lizzie), começou tarde no basquete pois tentou a sorte no vôlei nos tempos de colégio. Não quis continuar, e partiu para a bola laranja aliando os chutes de três com um jogo fortíssimo de garrafão. A comparação, de cara, foi cruel e colocou o sarrafo ainda mais pra cima – enxergavam na louraça ninguém menos que a australiana Lauren Jackson.

Aí a temporada da WNBA veio, o Chicago Sky, que nunca se classificou aos playoffs em sua história, colocou todas as suas fichas na menina que fora selecionada com a segunda posição do Draft (atrás apenas de Griner). E até agora o que se tem visto é absurdamente assustador. Em um elenco que conta com as experientes Sylvia Fowles e Swin Cash, Delle Donne assumiu a ala-pivô como titular e tem guiado o Chicago a uma belíssima campanha até aqui (10-4 e três vitórias seguidas).

E tem guiado com liderança, simpatia e excelentes atuações. Contra pivôs mais altas, Elena sai do garrafão, cria seus próprios arremessos longos ou infiltra com rapidez e elegância. Quando técnicas adversárias cismam em colocar jogadoras mais baixas, a caloura se posiciona perto da cesta, espera a bola calmamente e faz os posts-ups com uma categoria que impressiona (neste tipo de jogada ela converte 61% de seus arremessos). Na semana passada contra o Connecticut Sun, a experiente Anne Donovan, ex-técnica da seleção dos Estados Unidos, tentou de tudo (baixinhas, altinhas, marcação dupla), mas nada deu certo (Delle Done, inspiradíssima, saiu-se com 23 pontos de forma bem tranquila e sem forçar muito.

Com isso, a camisa 11 registra 19,1 pontos (a quinta melhor da liga), 1,6 toco, 5,7 rebotes, 2,1 assistências, 42,1% nos tiros de quadra e ótimos 39,5% nas bolas longas. Os números e seu desempenho, que faz o Sky sonhar com pós-temporada e algo mais já neste campeonato, fazem de Elena uma fortíssima candidata ao título de melhor jogadora da WNBA em 2013. Em seu ano de estreia, é bom lembrar.

Se pensavam que Elena Delle Donne seria apenas mais um rostinho bonito na WNBA, eis um grande engano. Seu talento é absurdo, sua técnica ainda está em formação e ao que parece a comparação lá de cima com Lauren Jackson faz todo sentido de existir. Fazendo uma brincadeira com o nome de seu time, o céu é o limite pra essa bela menina de Delaware. São apenas 23 anos, e o futuro parece brilhante.

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