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Bala na Cesta

Gerente-Executivo da Liga Nacional abre o jogo sobre entrada de Fluminense e Goiânia no NBB

Fábio Balassiano

08/06/2013 02h46

O assunto da semana no basquete nacional foi a inclusão, via convite, de Fluminense e Goiânia na próxima edição do NBB. Todo mundo sabe disso, né. Fui conversar com Sergio Domenici, Gerente-Executivo da Liga Nacional de Basquete, sobre este e outros assunto. O papo, longo, feito ontem por telefone, está publicado integralmente abaixo.

BALA NA CESTA: Não há como fugir da primeira pergunta, né. É sobre a inclusão, via convite, de Fluminense e Goiânia para a próxima edição do NBB. Como foi este processo todo?
SERGIO DOMENICI: Antes de falar sobre o processo, é importante dizer que a Liga Nacional ainda busca, para o seu produto (NBB), uma identidade, uma consolidação. Tudo ainda é muito novo pra nós, e há esta dicotomia entre o modelo comercial (como é a NBA) ou o modelo técnico (futebol e liga espanhola de basquete, por exemplo) a ser seguido. Por isso há esta polêmica toda, mas é sempre importante lembrarmos que ainda estamos em formação.

BNC: Muito bem, mas você tocou no lado comercial (o que levou Goiânia e Flu pro NBB6), mas também no lado técnico (o que coloca Macaé, que entrou via Super Copa e depois triangular). A Liga Nacional não está muito no meio do caminho?
SD: Sim, está. Concordo com isso. Mas pode ser que talvez as entradas de Fluminense e Goiânia sejam o final deste processo de convites. O tempo e a maturidade do produto é que vão nos dizendo o que deve ser feito na Liga. O que tem que ficar claro é que temos erros e acertos, mas sempre com a melhor das intenções. Li que você escreveu sobre credibilidade e transparência da Liga, mas os compromissos são inabaláveis. Tinha a Super Copa, Macaé entrou. Tínhamos uma oportunidade que considerávamos boa, e isso está no regulamento, passou. A realidade do momento é que vai mostrar o melhor caminho. O que era certo há quatro anos pode se mostrar diferente hoje – ou o contrário. Hoje podemos falar que o basquete está em vias de ter quatro divisões – o NBB, a segunda divisão, a Super Copa e a Liga de Desenvolvimento. Isso não é bacana?

BNC: Mas a CBB não ficou muito animada com vocês, não. Soltou até nota oficial, você viu, né (leia mais aqui).
SD: Sim, eu vi. Iremos conversar com eles a respeito e em breve estará tudo acertado, tenho certeza disso.

BNC: Dois pontos mais sobre esta questão dos convites. O primeiro: por que Ribeirão Preto, que tem praça, produto, público e projeto bom não entrou no NBB? Eles tinham intenção, não?
SD: O projeto de Ribeirão Preto foi aceito, mas depois o Chaim não quis mais em um segundo momento. Foi isso.

BNC: Há um trecho do Estatuto do Torcedor que diz que nenhuma liga pode fazer convites, a saber: "O art.10 § 2o do estatuto diz: Fica vedada a adoção de qualquer outro critério, especialmente o convite, observado o disposto no art. 89 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998". A Liga Nacional se preocupou com isso quando efetuou convite para a última e esta temporada?
SD: O entendimento do Departamento Jurídico da LNB é no sentido de que o art. 10, §3º do Estatuto do Torcedor não se aplica ao NBB, uma vez que o NBB é uma competição que não tem "mais de uma divisão", como dispõe o dispositivo legal que se pretenderia aplicar ao caso. A LNB é uma entidade ainda em formação. A criação de uma divisão de acesso que classifique os times automaticamente a partir de sua classificação em uma outra competição que fosse "a divisão de acesso" do NBB ainda é, neste momento, um projeto em desenvolvimento. Por agora, a LNB busca atingir um número ideal de equipes no NBB, alcançando abrangência nacional a partir da participação de equipes de diversas regiões do Brasil, de modo que os critérios de classificação de equipes para o NBB ainda se dá pela aceitação dos demais associados, a partir de critérios pré-estabelecidos, que levam em consideração critérios financeiros, estruturais e técnicos. A classificação na Copa do Brasil é um desses critérios, o técnico, mas não é o único. A Copa Brasil não é organizada pela LNB, mas sim pela CBB. E a própria CBBB emitiu Nota Oficial na data de ontem confirmando que a Copa Brasil não tem a natureza de divisão de acesso da LNB. Portando, o Conselho Administrativo da LNB, no pleno exercício de uma prerrogativa legal, por não ter "divisão de acesso", levou em consideração critérios financeiros, estruturais e técnicos e o interesse em levar o torneio para diversas regiões do Brasil, como critério para aceitar a inclusão das novas equipes no NBB.

BNC: Sobre os dois projetos que passaram, uma dúvida: não estamos falando demais em apresentações? Fica um pouco confuso quando li no site depois que tudo ainda seria analisado. Não é muito estranho?
SD: Goiânia conta com o patrocínio de uma instituição de educação forte (o Universo), prefeitura e governo. O Fluminense, tem a intenção de outra Universidade e de uma empresa de embalagens também. Que fique claro: eles ainda não foram aprovados para jogar o NBB. Foram aprovados para pleitear a vaga. A confirmação deles dois, bem como a dos demais times, virá nos próximos dias. Veremos se tudo o que foi apresentado por eles terá comprovação para, aí sim, darmos o veredicto final sobre a entrada deles no NBB6 efetivamente

BNC: Mas se não for comprovado não é um mico muito grande para a Liga, não? Houve este barulho todo e pode ser que eles não passem…
SD: Não considero mico para a Liga. Recebemos o projeto, aprovamos pelo que vimos em uma apresentação. Depois olharemos na prática. Não tem como ser diferente.

BNC: A Liga pode ter até 21 times caso Vitória volte. Não é um número excessivo? Qual o número máximo?
SD: O nosso número ideal é de 20 times. Com a segunda divisão, que começará em fevereiro de 2014, teremos acesso e rebaixamento e iremos ver como faremos em relação a este número (talvez caiam três e subam dois, para chegarmos ao número ideal de 16 clubes). A partir do próximo ano, todo clube que pedir licença do NBB (algo previsto no regulamento da Liga) e quiser voltar cai diretamente para a segunda divisão.

BNC: Falando em segunda divisão e convites, o que você diria a um dirigente que está na dúvida entre montar um time e disputar na quadra ou organizar um Power Point para uma apresentação ao Conselho?
SD: É simples. A segunda divisão é um meio concreto de acesso ao NBB. O Macaé ganhou, entrou no NBB. Se vencer, ele sobe. Se jogar bem e ganhar, ele está dentro. O projeto é circunstancial, é avaliado e depende de uma série de fatores. É bem mais difícil, eu acredito.

BNC: Sobre os convites, ainda, uma pergunta final: a Liga procurará outras praças que interessem, como Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia etc. ?
SD: Que fique claro: a Liga não procura time ou cidade alguma. A Liga recebe projetos, propostas de trabalho – e já recusou algumas. Se vier de alguma praça ou agremiação que consideremos importante, vamos avaliar, sim.

BNC: Duas perguntas pra fechar. O NBB5 foi um campeonato que contou com três patrocinadores, dois a menos que o NBB4 (Netshoes e Eletrobrás saíram). Isso não preocupa a Liga Nacional? Qual o orçamento que tivemos para esta temporada, e quanto vocês estão esperando para a próxima?
SD: Tivemos aproximadamente R$ 4 milhões para tocar a temporada 2013/2013 do NBB. Estamos conversando com uma estatal, e podemos ter boas novidades nos próximos dias. Esperamos dobrar esta receita para o NBB6, a fim de avançarmos ainda mais nas frentes que precisamos. Esta foi uma das razões, aliás, de termos ficado animados com Goiânia e Fluminense. Os dois times não trazem dinheiro diretamente para o NBB, mas tornam o produto melhor, mais atraente, mais fácil de ser vendido para patrocinadores e público.

BNC: Quando você fala em investir, você fala em investir mais em marketing, essas coisas?
SD: A agência de marketing da Liga Nacional chama-se TV Globo. É com ela que contamos.

BNC: Por fim, como ficou a questão do jogo único na final? Vai mudar isso?
SD: Estamos estudando ainda, mas não deve mudar nesta próxima edição, não. Não tem nada decidido. Temos é que pensar em popularizar a modalidade, isso sim. É o mais importante, e o que queremos cada vez mais.

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