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Bala na Cesta

Balanceado, Pinheiros vence Flamengo e mostra que está pronto pros playoffs do NBB

Fábio Balassiano

02/04/2013 10h25

Aparentemente foi um grandíssimo jogo de basquete em São Paulo na noite de ontem. Duda, que entrou no lugar do lesionado Vitor Benite, saiu-se com 36 pontos (oito bolas de três pontos, coisa incrível!), Caio Torres obteve 18 pontos, Olivinha apanhou 14 rebotes e Kojo conseguiu 15 pontos. "Lendo" esses números você pode ter a noção que o Flamengo venceu mais uma no NBB, né. Mas, não, não foi isso que aconteceu. Jogando em casa, o Pinheiros viu Shamell conseguir uma cesta no último segundo para vencer um difícil rival por 93-91, chegar a terceira vitória seguida e a sexta nos últimos sete jogos (campanha de 22-10) antes de decidir sua sorte no G4 contra Franca e Uberlândia fora de casa nas duas rodadas finais.

E o que isso tudo quer dizer? Que o time da capital paulista, que chegou às últimas três finais estaduais e que nesta temporada já jogou o Final Four da Liga Sul-Americana e está qualificado para o quadrangular decisivo da Liga das Américas, vem com tudo para os playoffs deste NBB (sobre a questão do calendário, algo a se pensar: serão mais de 70 jogos nesta temporada para o Pinheiros, muita coisa). Para se ter uma ideia de força do time de Cláudio Mortari, ontem o Pinheiros teve cinco jogadores com dez ou mais pontos e no campeonato tem o quinteto Joe Smith, Paulinho, Shamell, Márcio (que, aliás, anulou Marquinhos nesta segunda-feira – 1/11 e quatro erros) e Rafael Mineiro cada vez mais entrosado.

Mas não é só isso, não. O time, que venceu três dos quatro duelos contra Brasília e Flamengo, dois dos bichos-papões do NBB (só perdeu do rubro-negro no Rio de Janeiro), é o que mais acerta bolas de três por noite (são 10,7 conversões em 26,7 tentativas por jogo, com 40,2% de aproveitamento e 26,7 tentativas), o que tem melhor percentual de dois pontos (58,4%, embora estranhamento o clube seja o que menos tente de perto, com 33,2 por partida) e conta com um elenco recheado de opções para Mortari (Araujo, Bambu, Fiorotto e Morro fazem a rotação no pivô, enquanto que Fernando Penna e o menino Lucas Dias comem minutos na ala e na armação).

O Pinheiros não joga um basquete que me agrada muito (ninguém aqui joga, para ser sincero e justo), mas faz exatamente o que o basquete brasileiro "pede" para que se vença por aqui – chuta muito, e bem, de três pontos, aproveita a leseira defensiva que há nos jogos daqui e pontua com consistência e facilidade perto da cesta e tenta não concentrar o jogo em uma estrela só (como foi nas últimas temporadas diga-se de passagem). Com elenco balanceado (são 16,1 assistências por jogo, quarto melhor índice do NBB, e dez jogadores com 11 ou mais minutos por noite) e uma estrutura fora do comum, pode, sim, chegar longe (na edição passada morreu no quinto jogo, em casa, contra o campeão Brasília).

Pode ser que falte um pouco da malícia do Brasília, a vibração da torcida do Flamengo ou a explosão de um Murilo no garrafão, mas o Pinheiros, que tem chegado bem em todas as competições que tem jogado (Liga Sul-Americana, Liga das Américas, Interligas e NBB), prova que planejamento, estrutura e paciência acabam dando resultado. E vale lembrar o que Rafael Mineiro (foto à direita) me disse logo após a derrota contra o rubro-negro aqui no Rio de Janeiro: "Ainda não tivemos o time completo muitas vezes nesta temporada. Quando tivermos seremos fortes, disso temos certeza". E agora, quase completos (Morro ainda está voltando), o Pinheiros é realmente fortíssimo.

Será que o time da capital de São Paulo pode chegar a uma inédita decisão do NBB neste ano? Comente!

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