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Bala na Cesta

O crônico problema nas arbitragens brasileiras no NBB - tem solução em curto prazo?

Fábio Balassiano

30/01/2013 16h00

No começo do terceiro período do jogo entre Flamengo e Pinheiros, disputado no sábado aqui no Rio de Janeiro, Rafael Mineiro, do time paulista, argumentou com a arbitragem sobre uma marcação duvidosa. Não levantou a voz, não falou alto (estava na minha frente), não xingou, nada. Só pediu para que a jogada fosse repensada. Natural, não? Não para o trio de árbitros (Fernando Serpa, Diego Chiconato, Vinicius Simões), que aplicou uma falta técnica no ala-pivô. No ataque seguinte, Mineiro cometeu uma falta, reclamou de forma veemente e outra falta técnica foi aplicada. Exclusão automática, certo? Hummm, não. A arbitragem voltou atrás, meio que com medo do que havia feito em uma sequência de um minuto, e aplicou apenas uma falta no jogador do Pinheiros. A revolta do Flamengo, claro, foi geral e por pouco uma confusão não começou ali.

Na segunda-feira, na capital federal, Bauru tentava uma reação contra Brasília quando a arbitragem (Marcos Benito, Guilherme Locatelli e Andreza Souza) apitou faltas seguidas contra os Bauruenses. Marcaram uma falta anti-desportiva em Pilar, uma falta técnica em Guerrinha e outra em Ricardo Fischer, acabando com qualquer chance do time do interior paulista. No final do jogo, o técnico Guerrinha vociferou para quem quisesse ouvir (e o Correspondente BNC Jackson Alves tem o áudio): "Enquanto não trouxerem seis árbitros de nível internacional, vai ser sempre essa merda (de arbitragem). E a gente fala isso pra Liga Nacional todos os dias".

Esse preâmbulo todo para fazer um post necessário e pedido por vocês a cada rodada do NBB – sobre o péssimo nível das arbitragens na principal competição do país (e as fotos que ilustram o post não são crítica a qualquer árbitro, mas apenas para ilustrar a matéria). Já houve um problema gravíssimo em um jogo que deveria ser de festa (o jogo 1.000 da história do torneio terminou de forma ridícula – relembre aqui), mas o pior de tudo mesmo está na escolha dos critérios e na arrogância dos árbitros (isso sem falar nos juízes caseiros, aqueles que só apitam faltas contra os times que não jogam em casa – os atletas têm até uma nomenclatura para isso, chamando os homens de preto de "Coluna 1", numa alusão a Loteria Esportiva, que "ganha" para o time da casa na primeira coluna). Exemplos, para quem acompanha o campeonato (nos ginásios, pela televisão ou pelas crônicas dos Correspondentes BNC), não faltam.

A situação não é boa mesmo – e em todos os sentidos. Os jogos, que quase já não têm contato físico por aqui devido a leseira defensiva da maioria das equipes, ficam ainda piores (não parece basquete!) quando os árbitros apitam qualquer contato físico, qualquer "encostão". O jogo fica chato, arrastado, travado, decidido em lances-livres e não é incomum ver jogadores dos dois times quase sempre enrolados em faltas desde o começo do segundo tempo. O clima, que quase nunca é calmo em uma quadra de basquete (vocês devem imaginar quando dez gigantes de 2m de altura se encontram, certo?) fica ainda pior, ainda mais quente.

No próprio sábado, uma pessoa bem influente no basquete nacional me disse algo bem interessante: "Não é que eles sejam tendenciosos, não. Eles só são arrogantes, ruins demais e acabam compensando suas besteiras nas jogadas seguintes às bobagens que fizeram. Ou seja, se enrolam em torno de suas próprias sandices. Aí o jogo fica completamente louco, sem que ninguém saiba quais são os critérios que eles vão adotar. Pense nisso durante toda a temporada e imagine o humor do jogador em quadra com isso tudo". É mais ou menos por aí mesmo.

De verdade eu não sei se tem solução no curto prazo. Sei que a Liga Nacional tem se esforçado absurdamente para melhorar isso desde que começou a organizar o campeonato. Organiza clínicas, palestras, reciclagens, mas o problema parece não ter fim. Os jogos, que já não são bons em termos técnicos (insisto neste ponto também), ficam ainda piores com a interferência dos árbitros a todo instante (e a colocação dos microfones nos juízes ainda piorou isso tudo, pois eles se acham os donos do espetáculo – até onde se sabe, o jogador é que deve ser a estrela), deixando um produto que não passa de mediano ainda pior, ainda mais feio para o público (consumidores mesmo no final das contas).

Concorda comigo? Ou o nível das arbitragens do NBB é bom? Comente!

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