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Bala na Cesta

Pivô Paulão Prestes é o novo reforço de Brasília para o restante do NBB - será bom pra ele?

Fábio Balassiano

03/01/2013 00h38

Se já era forte o favoritismo de Brasília para conquistar o tetracampeonato seguido do NBB, agora há um novo ingrediente para o time da capital federal: o time anunciou ontem, de forma oficial, a contratação do pivô Paulão Prestes (na foto, de amarelo) até o final da competição. Além dele, chega Eric Tatu para ser o reserva de Nezinho na armação (se não me engano, ele já fez esta função em Ribeirão Preto anos atrás).

Não há dúvida que para Brasília Paulão é um reforço e tanto. Em um país cujos pivôs altos e fortes (ele tem 2,10m e cerca de 118kg) estão em extinção, contar com um "cincão" de respeito será fantástico para o time de José Carlos Vidal na luta pelo quarto título seguido de NBB.

Mas a questão que fica pra mim é: vai ser bom para o jogador que completa 25 anos em fevereiro deste ano?

De cara eu digo que tempo de quadra, algo que ele não tem tido há tempos (nesta temporada, no Canárias, da Espanha, ele atuou por 11 minutos por partida, muito pouco para alguém de seu potencual). Paulão, que brilhou no Mundial Sub-19 de 2007 com os absurdos 23 pontos e 14,7 rebotes (relembre aqui) e chegou a ser escolhido pelo Minnesota Timberwolves no Draft de 2010 (jogou a Liga de Verão este ano, mas o aspecto físico mais uma vez pesou contra ele – este é outro aspeco que ele precisa melhorar bem rápido), nunca teve a chance de mostrar seu talento por aqui (quando surgiu no Ribeirão era uma promessa apenas) e ser o titular do melhor time do Brasil é uma baita conquista.

Por outro lado, Brasília se notabiliza por ser um time de jogo de periferia (de tiros longos e rápidos), um time que usa os pivôs (com o perdão da expressão) como "cones". Marcio, Alírio, Ronald (cadê a evolução do garoto?) e até pouco tempo atrás Lucas (que pode estar acertando com o Peñarol, da Argentina) servem simplesmente para pegar rebotes e fazer bloqueios para Nezinho, Alex, Giovannoni e Arthur arremessarem sem parar e pensar muito (lembremos: este é o time que ganha por aqui há três anos sem parar – e isso fala muito sobre o baixo nível do basquete interno). Não é errado, não é injusto, é apenas a tática (ultrapassada e arcaica, sem dúvida) do treinador José Vidal em sua equipe. Mas é um sistema que pode fazer com que a técnica de Paulão, que já não anda lá essas coisas, atrofie ainda mais.

Para se ter uma noção, nesta edição do NBB o quarteto Nezinho, Alex, Arthur e Giovannoni soma 68,3 dos 86,2 pontos de Brasília na competição (79,4%). E o pior: o quinto maior cestinha não é nem um homem de garrafão, mas sim o (bom) ala Isaac, que é reserva de Alex/Arthur (ele tem 9,6). Ou seja: Alírio, Cipriano, Lucas e Ronald têm pouco mais de 10% dos pontos por jogo do atual tricampeão do NBB. Pouco, não?

É exatamente este, portanto, o cenário que Paulão encontrará em Brasília. Um time favoritíssimo ao título do NBB nesta temporada, mas um time que já provou não saber (ou não querer) jogar com os pivôs. Se ele quer ser campeão e ter tempo de quadra, pois muito bem, ele tem boas chances disso. Se ele quer (queria?) voltar a ser dominante no garrafão, tenho lá minhas dúvidas se ele fez a melhor opção ao assinar com a agremiação da capital federal.

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