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Bala na Cesta

Raio-X do Basquete Feminino: com pires na mão, clubes agonizam e atletas sofrem

Fábio Balassiano

23/08/2012 16h36

Você que acompanha este espaço e ainda está gostando do Raio-X sobre o basquete feminino produzido por este blogueiro já leu aqui o que falei sobre CBB, Hortência e LBF, certo? Se não leu, clique aqui.

Hoje a vez é dos clubes, dos clubes que ainda teimam em investir na modalidade. E se digo teimam, é simplesmente porque há poucos atrativos para patrocinadores colocarem grana em um esporte cujo retorno mostrou ser baixíssimo nos últimos anos (é ROI que descreve isso de forma bonita, não?).

Há culpa em todo sistema do basquete feminino atual, que, como vimos, é equivocado e pouco organizado/planejado pela Confederação e pela Liga de Basquete Feminino. Isso, sem dúvida, está mais do que claro. Basquete feminino, hoje, é feito por e para heróis da resistência. Mas os clubes têm sua parcela de responsabilidade nisso tudo também. Quase todos são acomodados, passivos e conformados com a situação que lhes é imposta por CBB, LBF ou Federações. Para ficar em um exemplo, quem acompanhou a luta da Federação Paulista recentemente para organizar o Paulista adulto feminino sabe que há pouquíssima vontade de ajudar a transformar a modalidade em algo comercialmente bom. Se quiserem outro, é só pensar na luta que a Liga de Basquete Feminino trava, a cada ano, para colocar oito ou dez times para jogar em sua divisão especial.

Como há pouca grana na mesa, os clubes gostam de ser tratados como reféns e ficam literalmente chorando pitangas aos quatro ventos. Reclamam de taxas, de passagens, de hospedagens, de tudo, mas pouco fazem para, repito, melhorar a situação da modalidade no país. A formação, com isso, é prejudicada, o nível técnico desde a base caiu assustadoramente bons profissionais e atletas preferiram trocar de modalidade ou simplesmente abandonar o basquete (natural, não?). E aí entra um pouco também das concepção de esporte deste país. Querendo ou não, a realidade hoje aponta para os clubes como centros formadores, centros de desenvolvimento e revelação de talentos. Se os do basquete feminino estão com pires na mão, como serão formadas as futuras estrelas da seleção brasileira? Missão quase impossível, certo?

Há, claro, boas e honrosas exceções. A maior delas é Americana, cidade do interior de São Paulo que, com apoio da Unimed local, consegue formar, desenvolver, educar e revelar ótimas atletas. Não obstante tudo isso, possui um time fortíssimo no adulto (embora com poucas atletas das divisões inferiores atuando), ginásio cheio e relação excepcional com a comunidade. É um exemplo a ser seguido, um exemplo a ser olhado por Confederação e Liga de Basquete para mostrar às demais agremiações que há, sim, um caminho possível para agremiações de basquete feminino não falirem dia após dia.

É uma triste realidade, mas não há muito jeito. Enquanto os clubes estiverem nesta situação, com pires na mão e passivos até a alma, o basquete feminino não sairá da lama. Ainda dá tempo de mudar, mas chegou o momento de clubes, federações, CBB e LBF sentarem na mesma mesa para rediscutir o basquete e suas relações.

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