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Bala na Cesta

Especial 20 anos do Dream Team: contra a Croácia, o 1º encontro de Jordan e Kukoc

Fábio Balassiano

27/07/2012 15h40

O dia 27 de julho de 1992 não foi muito comum para a seleção norte-americana. Michael Jordan acordou especialmente agitado. Treinou arremessos e defesa tresloucadamente pela manhã, dispensou as partidas de ping-pong na concentração e almoçou sem beber um gole de cerveja sequer (bebida liberada na concentração, rapazes).

Às 20h30 daquela segunda-feira os EUA enfrentariam a Croácia na segunda rodada do torneio masculino, mas Jordan não estava nervoso com o jogo em si (ninguém ali tinha dúvida sobre o resultado final). Ele mirava o duelo que gostaria de fazer com alguém que tinha uma reputação muito, muito alta – tão alta quanto a sua. O 'alguém' se chamava Toni Kukoc, tinha 23 anos, 2,11m e uma técnica refinadíssima.

Escolhido pelo Chicago Bulls na 29ª colocação da segunda rodada do Draft de 1990, Kukoc era uma sumidade na Europa. Em 1992, já era MVP e duas vezes campeão da Euroliga com o croata Jugoplastika, sendo apontado como, ai céus, o melhor jogador do mundo não-NBA por 11 entre dez analistas (ele ainda obteve outro MVP e é até hoje o atleta com mais troféus deste tipo). Como foi recrutado pelos Bulls, Jerry Krause, gerente-geral falastrão da franquia na época, dizia aos quatro cantos que teria os dois melhores jogadores do planeta a sua disposição em pouco tempo. Só esqueceram de avisar a Michael Jordan que não era uma boa este tipo de comparação.

Se o camisa 9 dos Estados Unidos já era um monstro sagrado sem estar motivado, quando ganhava um ingrediente extra, ele voava, alucinava seu oponente. Naquela noite, Michael Jordan mostrou a Toni Kukoc como era a vida de melhor jogador do mundo. Anotou 21 pontos (segunda melhor marca de MJ na competição), roubou oito bolas (incrível) e pediu para marcar o croata. Kukoc, chutador exímio, errou nove de seus 11 arremessos, teve sete erros e saiu com apenas quatro pontos (pior pontuação de Kukoc no torneio olímpico), vendo o seu time ser esmagado por 103-70 (20 pontos e quatro rebotes de Charles Barkley também – novamente sem John Stockton, ainda lesionado).

"Jerry Krause havia recrutado Toni Kukoc e ficava dizendo pra meio mundo quão bom ele era. E isso chegou aos meus ouvidos, claro. Senti-me como um filho que vê seu pai amando uma outra criança nova mais do que seus antigos filhos apenas por capricho. Pra mim estava claro que não estava jogando contra Kukoc, mas sim contra Jerry em um uniforme croata. Acabamos dando ao Toni a pior experiência esportiva de sua vida. Ele não tinha culpa, mas acabou pagando pela língua do Krause", disse Jordan ao documentário "The Dream Team".

Michael Jordan tinha uma forma toda peculiar de mostrar quem era o dono do pedaço em uma quadra de basquete. Sem sequer ter questionado a coroa de MJ, seu futuro companheiro do segundo tricampeonato dos Bulls, Toni Kukoc sentiu da pior maneira possível como ficavam os que o desafiavam. Aquele 27 de julho de 1992 ficou marcado como o primeiro grande encontro da dupla em uma quadra de basquete.

Não ficou muito bom para Kukoc, e Jordan mostrou que em qualquer planeta só havia um número 1. Ele. Abaixo os melhores momentos da partida.

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