Topo

Bala na Cesta

Há 23 anos, a conversa que poderia ter mudado a história do jogo - Michael Jordan virou armador

Fábio Balassiano

09/03/2012 00h12

Cheguei a escrever aqui algumas vezes sobre a mudança no "perfil" dos armadores da NBA. Cada vez mais atléticos e rápidos, e com o jogo cada vez mais estudado, os "1" da liga não se contentam apenas em passar a bola. Pontuar está na ordem do dia, e pregar o contrário não parece ser o mais indicado. O que pouca gente sabe é que o melhor de todos os tempos também já atuou nesta posição. E a história completa, hoje, exatos 23 anos (o número foi proposital, sim).

No dia 9 de março de 1989, um dia depois de ter sido surrado pelo Boston Celtics por 104-95 (o último período foi vencido pelos Bulls por 32-12, vejam só), Jordan, que não jogou conta os verdes, puxou Doug Collins para uma conversa de duas horas e disse: "Jogando assim a gente não vai a lugar algum. Eu tenho que armar o jogo". E aí você, estimado leitor, imagina o que aconteceu, não?

MJ foi escalado na posição 1 por Collins em substituição a Sam Vincent, Charles Davis perdeu o lugar e Craig Hodges começou a ganhar espaço na rotação. No primeiro jogo com Michael na nova função, incríveis 15 assistências contra o Seattle Sonics de Nate McMillan, que ficou alucinado com a atuação de alguém que teria que marcar dali em diante ("quando vi o Jordan de armador eu sabia que estava lascado", disse Nate após a peleja).

E Jordan continuou. Durante 14 jogos, o Chicago venceu 11, e o camisa 23 teve 12 triplos-duplos (e em uma peleja ele distribuiu 17 assistências – um absurdo). A média neste período ficou em 36 pontos e 13,2 assistências, um número que não deixava dúvida sobre quão talentoso era aquele menino de 26 anos.

Não preciso nem dizer que Michael Jordan registrou a sua maior média de passes na carreira (oito, número que o colocou entre os dez primeiros da NBA), e que os rivais começaram a detestar a ideia de ter alguém que conseguia pensar e arremessar o jogo com tanta genialidade. Doc Rivers, então armador do Atlanta Hawks, disse que não era justo. Magic Johnson falou que o Chicago deveria jogar com um a menos, pois Michael era armador e ala ao mesmo tempo.

Nos playofs, porém, Jordan não teve tanto sucesso e os Bulls foram eliminados pelo Detroit Pistons. No final daquela temporada, Doug Collins saiu, Phil Jackson entrou e apresentou o Sistema de Triângulos a MJ no primeiro encontro. Disse que seu estilo de jogo teria que mudar (ficar menos com a bola nas mãos, leia-se), mas que os resultados viriam. E vocês sabem que vieram.

O basquete perdeu, provavelmente, o melhor armador da história. O mundo ganhou o melhor e mais completo jogador de todos os tempos.

Veja, abaixo, vídeos da temporada 1988-1989 quando Michael Jordan jogou de armador (coloquei vídeos contra os Knicks e os Lakers de Magic Johnson). Divirtam-se!

CONTRA O KNICKS (40 pontos, 10 assistências e cinco rebotes)

CONTRA MAGIC E OS LAKERS (21 pontos, 8 rebotes, 16 assistências)

KNICKS NOVAMENTE (40 pontos, 15 rebotes e 9 assistências)

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.