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Bala na Cesta

Todas as homenagens para Rubén Magnano

Fábio Balassiano

11/09/2011 06h00

"As portas da glória estão abertas para as pessoas que acreditam em si mesmas". Foi esta frase que Rubén Magnano (foto) colocou na lousa antes de os atletas brasileiros entrarem em quadra para decidir a vaga olímpica contra a República Dominicana na noite de ontem. Acho que ela fala muito, mas não fala tudo sobre o trabalho de Magnano no basquete brasileiro desde que por aqui chegou.

Campeão olímpico, ninguém duvida/duvidava de sua capacidade para comandar times. Foi assim com o Atenas, de Córboba, foi assim com a Argentina e está sendo assim com o Brasil desde que ele assumiu. Se alguns de seus métodos são contestáveis (o de fechar o treino, o de proibir microfones), é indiscutível o seu talento como gestor de equipe. Como falei na sexta-feira na Twitcam, grandes times são liderados por grandes técnicos inconformados. Bernardinho é assim, Phil Jackson é assim, Muricy Ramalho é assim, Felipão é assim – e todos são vencedores justamente por causa disso.

Rubén Magnano mudou muito o time dentro de quadra, é verdade (poucos erros, nada de exagero nos três pontos, muitos passes e uma defesa que chega a arrepiar de tão boa que é), mas isso também é pouco para falar de seu trabalho. Magnano disse não aos estrelismos, fechou o grupo e trouxe os atletas para perto dele. Mas, ei, isso também não é tudo. O cara rodou o país inteiro para olhar atletas e conhecer o trabalho de base por aqui (lembram que ele foi ver um Brasileiro de seleções da segunda divisão no Acre?), fixou moradia em São Sebastião do Paraíso para acompanhar a Sub-19 e a Sub-17 e é um dos maiores entusiastas da Escola de Técnicos (ENTB). Se tem alguém, portanto, que "comprou" o discurso se recolocar o basquete brasileiro em seu verdadeiro lugar, este alguém é justamente o cordobês aí da foto (embora eu ache que a Confederação poderia dar uma força maior nisso, claro).

Tanto é "inconformado" (inconformado = querer melhorar, evoluir sempre) que Magnano já deixou um recado para a seus atletas: "Hoje (domingo) tem uma final". Acho difícil que o espírito esteja lá, tranquilo, mas o mérito do argentino que recolocou o Brasil em uma Olimpíada está lá, lindo e intacto: o de formar uma equipe ótima, baseada no coletivo (que lição, hein!) e o de se acreditar que trabalhando muito, muito mais que os outros (o Brasil foi o primeiro time a se apresentar!) vale, e vale muito a pena.

O contrato do técnico termina agora, e acho muito prudente que a Confederação renove rapidamente. O mérito também é dos jogadores, claro, mas acho que a imagem dele no final, emocionado, feliz mesmo por recolocar o Brasil nas Olimpíadas foi sensacional.

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