Topo

Bala na Cesta

De volta, Candace Parker quer retomar boa fase após série de lesões

Fábio Balassiano

16/08/2011 12h00

Candace Parker está de volta. Após lesão no joelho no dia 26 de junho, a ala-pivô, considerada uma das melhores jogadoras da atualidade, entrará em quadra hoje pelo Los Angeles Sparks contra o Atlanta Dream (de Érika e Iziane) após 15 jogos e com a missão de recolocar o seu time nos trilhos (quando ela saiu, a campanha era de 4-3; sem ela, de 5-10). A expectativa é grande, e até o comedido técnico Joe Bryant (pai de Kobe) mostrou satisfação: "Nós estamos extremamente animados que Candace esteja de volta mais rápido do que esperávamos", disse.

Candace Parker nasceu no basquete. Seu pai, Larry, jogou na Universidade de Iowa. Sua mãe, Natasha, trabalha atualmente no Chicago Sky (WNBA). Seu irmão joga no Cleveland Cavs, da NBA (Anthony Parker). E seu marido também atua na liga (Shelden Williams, ala do New York Knicks). Não poderia dar em outra coisa que não um fenômeno das quadras, né. Com 1,93m e 25 anos, a mãe de Lailaa (2 anos) coleciona títulos (dois universitários, a medalha de ouro olímpica em 2008 com os EUA e um punhado de MVP's – inclusive o da WNBA em 2008, a sua temporada de estreia). Confira o papo dela, uma das poucas mulheres que já enterraram em uma quadra de basquete (veja aqui e aqui), com o Bala na Cesta.

BALA NA CESTA: Você jogou apenas dez jogos ano passado, e agora está voltando de lesão novamente (antes de se machucar tinha as médias de 17,7 pontos, 9,7 rebotes e 2,9 assistências). Está sendo muito difícil conviver com tantas lesões?
CANDACE PARKER: Sim, tem sim. Nunca me machuquei tanto na vida, e agora tem sido uma fase de aprendizagem mesmo. Não sou mais nenhuma menina de 15, 16 anos, e agora ainda sou mãe, né (risos). Tenho dupla jornada! Mas meu objetivo continua o mesmo: ganhar um título da WNBA com os Sparks, que sempre me deram todas as possibilidades disso. Tenho certeza que melhorando a nossa defesa (rebotes para ser mais específica) podemos chegar lá, já que nosso jogo em velocidade é fantástico e empolgante.

BNC: Você falou da sua filha, a Lailaa. Poderia dizer como o nascimento dela modificou-a como pessoa e atleta?
CP: Minha filha mudou tudo na minha vida. Me fez uma pessoa melhor e uma jogadora com ainda mais fome de ganhar – e não me pergunte o motivo. Entro e saio de quadra pensando nela, em como ela vai ver o que sua mãe fez, e acho que tem dado resultado. Adoro vê-la na beira da quadra me apoiando, e isso me dá uma força incrível. Acho que por causa dela eu passei a me preocupar ainda mais em ser uma pessoa que se preocupa com suas atitudes não só pra ela, mas para a sociedade em geral. Quero que a Lailaa tenha orgulho de tudo que Shelden e eu conseguimos.

BNC: Você vem de uma família que ama e sempre esteve em uma quadra de basquete. Conseguiria descrever a sua paixão pelo jogo?
CP: Tem razão. Cresci nisso, né. Não consigo me imaginar fazendo outra coisa que não jogar basquete. Via meus irmãos atuarem e aprendi muito com meu pai nas quadras de Naperville (Illinois). Ele me dava muita bronca, mas só queria ver o meu melhor. Minha paixão pelo basquete só aumenta e só tenho agradecer à modalidade, que abriu portas e deu melhores condições de vida a minha família.

BNC: Com quatro anos de liga, como você avalia o atual estágio da WNBA, que completa 15 anos nesta temporada?
CP: Acredito que a WNBA é uma jovem de 15 anos – com tudo de bom e ruim que isso seja. Como a maior e mais duradoura liga profissional feminina de todos os esportes nos EUA, já conseguimos muito. Isso é fato. Mas também é muito claro que temos uma grande estrada a percorrer para tornar o campeonato ainda mais atraente para torcedores, anunciantes e televisão. Ninguém pode achar está tudo excelente.

BNC: Você começou na liga com a Lisa Leslie ao seu lado no garrafão do Sparks. Vocês ainda mantêm contato depois da aposentadoria dela? Imagino que você sinta uma falta da Lisa em quadra…
CP: (Interrompendo) Nossa, nem me fale. Fora de quadra continuamos sendo grandes amigas. Nossas filhas brincam o tempo inteiro, e assim acabamos tendo tempo para conversar muito. Aprendo muito com ela. Sobre o fator quadra, sim, sinto muita saudade de jogar ao lado dela, uma das melhores de todos os tempos, né. Fazia tudo ficar mais fácil, e a marcação acabava ficando confusa conosco no garrafão. Sinto falta sobretudo dos treinamentos, quando ela passava muita informação e experiência, mas entendo que era o tempo dela parar. Ela ajudou muito o basquete feminino e será sempre lembrada pelos seus feitos.

BNC: Você já é uma medalhista de ouro, e ano que vem teremos Olimpíadas em Londres. Pensa em jogar, ou quer descansar? E em 2016 teremos os Jogos aqui no Rio de Janeiro. Você virá?
CP: Amo estar em Olimpíadas, e quero sim jogar em Londres. Ainda falta muito tempo, mas estou muito animada para voltar a defender os EUA em uma competição deste tamanho. Sobre jogar aí no Rio de Janeiro, quero muito conhecer o país e participar, mas temos uma estrada longa pela frente, né (risos).

BNC: Pra fechar: depois das suas duas enterradas na temporada de estreia, podemos ver alguma neste ano?
CP: Quero voltar com calma primeiro. Mas se eu estiver me sentindo bem fisicamente, por que não? Não prometo, mas se tiver a oportunidade…

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.